Saul Rassi*
Pense bem e responda, você alguma vez já pode contemplar uma atividade humana realizada em sua máxima exuberância, beleza, esmero e dignidade? Caso você já tenha presenciado tal fato, por quanto tempo você foi testemunha desse momento?
Pergunto isso porque foi exatamente o que aconteceu no último dia 29 de janeiro quando ocorreu a final do Austrálian Open de Tênis entre o sérvio Novak Djokovic e o espanhol Rafael Nadal (respectivamente número 1 e 2 do mundo).
Esses Super Homens jogaram um tênis da mais alta qualidade, não disputavam dinheiro ou fama, isso eles já têm até demais, almejavam algo mais nobre, perpétuo e inestimável, eles jogavam pela glória do esporte, algo cada vez mais raro no nosso querido futebol mas que ainda sobrevive em outras modalidades.
Rafa e Djoko jogaram por exatas 5 horas e 53 minutos, demonstraram o tempo todo profissionalismo, vigor físico, técnica apurada e acima de tudo a emoção que emanava de suas raquetadas. Houve um vencedor (mesmo que digam que em uma partida como essa não existem perdedores) e este foi o sérvio com parciais de5/7;6/4;6/2;6/7 e 7/5 dessa forma aumentou a freguesia que tem em relação a Nadal (eles disputaram exatas 7 finais de 2011 até agora e o espanhol perdeu todas).
Para aqueles que não são familiarizados com o tênis gostaria de dizer que é um esporte que se baseia principalmente na precisão dos golpes, técnica e estratégia de jogo e principalmente concentração e foco para manter as três primeiras. Percebe como é difícil manter isso por quase 6 horas e sempre em alto nível???
Nadal é conhecido como El Touro, pois não tem uma técnica apurada, porém sua concentração e determinação são sobrenaturais, a derrota para ele não é uma opção pois a única condição aceita é sobrepujar o adversário, nenhum tenista conseguiu ser melhor do que Rafa nesse quesito e é por isso que ele é o que é no mundo do tênis, um cara que intimida pelo olhar e pela maneira como corre e devolve todas as bolas (até mesmo as impossíveis).
Novak era um bom tenista até o ano passado, nada além disso, não conseguia fazer frente a Nadal e Roger Federer (considerado o melhor tenista de todos os tempos, ainda que seja bastante discutido isso) e eventualmente perdia para jogadores de nível técnico inferior porém, conseguiu o que para muitos é extremamente difícil, melhorar todos os seus pontos fracos a ponto de se aproximar da excelência em quase todos principalmente onde Nadal é mais forte: a concentração e a disciplina tática. Dai seu grande feito, superar aquilo que definia o Espanhol e virou a sua principal referência: a garra, determinação e força de vontade em ganhar as partidas
No domingo, os amantes do esporte que puderam assistir a essa partida, podem ter a certeza de que presenciaram um daqueles momentos que se tornarão referência para a humanidade em diversos aspectos, certamente daqui há 100 anos irão comentar sobre como dois esportistas conseguiram levar às lágrimas milhares de pessoas de diferentes nacionalidades, envolvidas em um jogo de tênis que serviu como reflexão para outros aspectos da vida.
*Saul Rassy é Fisioterapeuta, meu amigo e inaugura hoje sua primeira contribuição ao Flanar.
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