sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Veloster, Molóster ou Slowster?


Nós, brasileiros compradores de carros, devemos ter fama intergaláctica de trouxas, ou algo parecido.
Não vou nem entrar no mérito dos impostos, ou dos lucros enviados pelas montadoras a suas matrizes, nem das regras financeiras em eterna mutação e da baixíssima qualidade dos carros aqui produzidos.
Vide apenas o exemplo do lançamento recente (há cerca de 6 meses) do esportivo Veloster, da Hyundai.
Carro de design bonito, algo polêmico até, foi divulgado exaustivamente pela mídia e vendeu bem, a princípio, gerando inclusive uma pequena fila de espera.
O único e grande problema do veículo, logo constatado pelos felizes proprietários, era o fato de que ele não mostrava desempenho nem de longe compatível com os 140 cavalos anunciados pela produtora. Resumindo, os belos carros não conseguiam subir ladeira alguma.
Alguns comentários tímidos chegaram à imprensa especializada, com destaque para a edição de dezembro da revista Quatro Rodas, cuja avaliação final do carro, no entanto, foi bastante positiva.
Somente agora, em fevereiro, a revista Fullpower (que por coincidência não apresenta em suas páginas propagandas da Hyundai ou da Kia), ousou publicar reportagem sobre o teste do motor do Veloster em dinamômetro, e advinhem?!... Dos 140 cv anunciados, apenas 121 são entregues (a matéria completa está disponível no UOL Carros).
E agora?
A única medida real tomada pela montadora foi a supressão pura e simples das informações técnicas sobre a potência do motor no seu site. E nada mais.
Parece que inauguramos, com este affair, uma nova fase de nossas vidas como consumidores: a da globalização.
Agora somos enganados também pela indústria sul-coreana.

12 comentários:

Pedro do Fusca disse...

Foi-se o tempo que não eramos enganados, comprar 140 e receber 120 no minimo e "furto". Coisas para advogados se meterem!

Scylla Lage Neto disse...

É, Pedro, me causa estranheza que não tenha havido processos contra a montadora. Pelo menos que se saiba.
Até entendo que possa ter havido um erro de "entrosamento" entra a parte comercial e o setor de marketing da empresa, mas acho que o silêncio a respeito de tudo isso é desrespeitoso a nós consumidores.
Um abraço.

Silvina disse...

Hey, Scylla, desconfio que isso foi coisa da SPA (sociedade protetora dos animais) pro veloster ficar mais ecologicamente correto....
Rsssss

Lafayette Nunes disse...

Se anunciou 140cv, o carro tem que ter 140cv. Se não for, tecnicamente, possível, o diferença do que isto possa representar em dinheiro, ou, ainda, se o consumidor quiser, o dinheiro de volta, com juros e correção monetária.

Ah, e por se tratar de vício oculto, não tem prazo.

*Putz, e é, pra mim, um dos carros mais bonitos da autalidade!

Scylla Lage Neto disse...

Silvina, pior que o tiro saiu pela culatra!
O tal motor de 140 cv teria injeção direta de combustível o que o de 120 cv não tem. Apesar de menos potente, polui mais pela tecnologia mais antiga.
Será o Benedito?!

Scylla Lage Neto disse...

Lafayette, se botassem um V6 com um pequeno turbo aí sim o Veloster mereceria o nome.
Abs.

Lafayette Nunes disse...

Sim, um V6 com um pequeno turbo, até o meu Jipe 72 mereceria o nome Veloster. Aliás, qualquer coisa com um motor desses já o mereceria, scylla! rsrsrs

Scylla Lage Neto disse...

Tem razão, Lafayette!
Rssss.

Val-André Mutran  disse...

A forma como o Scylla abordou essa que é a maior "derrapada" dos últimos tempos a cair no colo de uma empresa do porte da citada montadora é, na minha modesta opinião um dos melhores post de 2012.
Mas, vamos por parte.
1- O que a Hyundai conseguiu em poucos anos é algo inacreditável;
2- Seus produtos são todos de "ponta";
3- Vem ganhando seguidamente, todos os prêmios do setor. Quer de especialista ou de usuários.
4- Recomendo.
Como tomei partido, fica até difícil externar alguma opinião!?
-- Depende.
Vejam. A propaganda do Veloster é algo inacreditavelmente bem feita. O problema é que exageraram na divulgação do que esse "carrinho lindo" não tem.
O que o Veloster não tem é estrutura de carro esportivo. É só pinta. Só isso.
Para quem entende de carro, sabe que um uma jogo de pneus como o do Veloster, "fininho", "estreitinho" e "pequenininho" que só ele. Sua velocidade final jamais seria de um esportivo de respeito.
Fico por aqui, portanto. Embora, já vou logo avisando: deêm uma "esticada" no Azera ou no Sonata e depois falamos.
Façam um test-drive no Vera Cruz, para quem gosta de um S.U.V absolutamente completo ou, um teste no i30 ou no ix 35 e me digam.
Estamos combinados?

P.S.: Caro Dr. Scylla.
Como estou ciente que o amigo jamais sairia de sua Mercedes para algo assim tão saliente. Permaneça onde está ou pule para outro alemão: a BMW M 325ia -- um carro -- como gostamos.
Abraços.

Scylla Lage Neto disse...

Val, you are the one!
Na verdade eu jamais compraria um Veloster, apesar do design me agradar, independente da motorização.
Compraria, no entanto, todos os carros que você mencionou, talvez exceto o Vera Cruz, que me parece muito grande.
A Hyundai mudou um pouco e mudará mais ainda a história automotiva brasileira.
Mas que pisou na bola feio, isso pisou!

PS: se gosta de SUV, faça um test-drive num Volkswagen Tiguan e sinta o padrão germânico. É um supercarro!

Yúdice Andrade disse...

Não dá para entender como esse episódio ainda não rendeu uma ação das autoridades, como ocorreria em qualquer país decente. Não houve, ainda, sequer, a iniciativa individual de um consumidor prejudicado. Eu, com certeza absoluta, lançaria mão dos direitos assegurados pela legislação consumerista, citados pelo Lafayette, e pediria o abatimento proporcional do preço. Um doido poderia pedir até o dinheiro de volta e eis a fábrica com um carro usado no costado, tendo que intermediar ainda o prejuízo do revendedor.
É uma pena que sejamos tão panacas assim - e o mundo perceba e nos trate de acordo com essa percepção.
Adoro os carros da Hyundai, mas certo mesmo agiu a Kia, ao lançar o Soul há alguns anos e concentrar sua publicidade na história da nova categoria: "carro design". Destacou a aparência do modelo e não celebrou nenhuma virtude que ele não possuía de fato.
Já a Hyundai caiu na armadilha do nome que deu ao seu produto. Aqui, o nome poderia ser, também, Micoster.

Scylla Lage Neto disse...

Boa idéia, Yúdice!
Micoster trata-se com chip e troca de filtros!
Abs.