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A deliciosa chuva que caí nesses dias de invernia belemense nos precipita em uma espécie de inferno molhado: a cidade enlouquece, o trânsito é ameaçador, os indivíduos alucinados, e não há saída prá lugar nenhum. Paralisados, estamos. Lúcio Flávio Pinto afirma que estamos andando para trás. E faz, talvez, a mais lúcida avaliação que já li sobre o governo de Duciomar Costa, na edição de nº 505 do Jornal Pessoal.
A classe média de Belém vive sobre rodas, entra e saí de seus apartamentos motorizada; abre os vidros e limpa toda a sujeira do carro na rua, ali mesmo, onde estiver. Os que não tem carro - meus filhos, por exemplo - andam de ônibus enfrentando a sujeira, o calor e a direção homicida dos motoristas de ônibus de Belém. De fato, estamos andando para trás e em passos largos e determinados. Nossa meta: lugar nenhum. Vivemos uma espécie de gestão caótica na qual todos, por diferentes determinações, fingem que há ordem nesse caos urbano em que nos metemos: todos nós. Não há saídas privilegiadas para ninguém: a cidade está estrangulada. E sem os investimentos necessários em equipamentos urbanos: todos temos que viver o mesmo infortúnio. O que muda é o acesso ao tipo de transporte que se pode dispor. E isso causa, sem dúvida, uma enorme diferenciação entre os indivíduos. Além do que, quem entra de carro em sua moradia não precisa colocar o pé na lama, nem dentro d'água.
Leiam o último número do Jornal Pessoal: vale a pena parar para refletir sobre a Belém que está pertinho de completar 400 anos de existência.
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