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Ontem, fui ao cinema assistir ao filme AMOR, do austríaco Michael Haneke. Hoje, leio a resposta de Zé Celso ao Jornal da Band - no blog do José Celso - sobre o suicídio do ator Walmor Chagas. O jornalista Lúcio Flávio Pinto, na edição de nº 529 do Jornal Pessoal - nas bancas -, também escreve um belo texto sobre Walmor Chagas.
Deixo aqui o texto de Zé Celso. Acredito que vale a pena pensar sobre as nossas possibilidades de escolha: e diante da vida......
Deixo aqui o texto de Zé Celso. Acredito que vale a pena pensar sobre as nossas possibilidades de escolha: e diante da vida......
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Boa tarde!
Sou pauteiro do Jornal da Band e estou atrás do contato do Zé Celso. O ator Walmor Chagas faleceu na tarde desta sexta-feira e gostaríamos de repercutir a morte do ator amanhã (19) com o Zé Celso.
Vocês poderiam, por favor, me passar o contato do Zé?
Aguardo o seu retorno.
Vocês poderiam, por favor, me passar o contato do Zé?
Aguardo o seu retorno.
Obrigado,
Diego Costa.”
Resposta do Zé Celso:
AIó! Diego, recebi a notícia do suicídio corajoso de Walmor aqui na “Praia dos Carneiros”, uma das muitas maravilhas de Pernambuco, nosso Repouso de Guerreiros, meu e do Ator Poeta da Arte Teatral: Roderick HimÉros.
Estamos preparando a Guerra pra ganhar 2013, estrategiando com nosso Poder Teat(r)al a peça: Cacilda!!! – Glória no TBC, 3ª das 4 peças que escrevi sobre a Arte Elétrica Quântica de Cacilda Becker, a partir de um prêmio que ganhei na gestão de Fernando Morais na Secretaria de Cultura da Cidade de SamPã em 1990. Este ato Trágico de Walmor atinge a peça em que estamos trabalhando, em cheio.
É sobre Cacilda, o TBC e… Walmor. Ele chega em Sampã e entra no TBC, dirigido por Ziembinski.
Conheci o poder deste gênio estóico pela primeira vem em “VOLPONE”, fazendo o MOSCA. Cacilda apaixonou-se de cara pelo sujeito transumano e pelo Ator, quando conheceu aquele menino, mais novo que ela, atuando em cima de um monte de Merda como uma Mosca Varejeira.
Em “Gata em Teto de Zinco Quente”, a personagem de Cacilda, Maggie, a Gata, não consegue trepar com ele, ele é gay, vive na cama do casal, enchendo a cara, não quer nada com ela. Walmor-Brik está atormentado pelo suicídio do seu Amante Skipper. E está ferido na perna esquerda, sem poder locomover-se direito. Na peça e na vida: Cacilda acaba ganhando por 12 anos Walmor Brick como marido, e seu maior parceiro Teatral.
Abandona o conforto do TBC e funda a Cia. com Walmor: o TCB (Teatro Cacilda Becker). Cara!, a peça agora podia se chamar Cacilda!!! – Walmor!!!
Cacilda teve um aneurisma no 2º ato de “Esperando Godot”. Walmor assistiu e viveu os 39 dias de coma da Atriz-Matriz e depois com permissão da família dela desligou os aparelhos que a mantinham com vida vegetativa e ele … suicidou-se pra não ser peso, nem pra ele, nem pra ninguém.
É uma Tragédia completa de Teat(r)o.
Uma TRAGYKOMÉDIORGYA.
Walmor e Cacilda: os maiores Ator e Atriz que o Brasil já fabricou!
Vai mudar muito a peça que escrevi em 1990.
Já encenei duas, da Tetralogia: na 1ª, Cacilda! (uma Exclamação) Walmor já entrou, vivido por Marcelo Drummond. Montei a segunda, também Cacilda!!(duas Exclamações), quando ela é uma Estrela a Vagar pelo Rio de Janeiro. Dou o ano de 2013 pra Cacilda!!! (três Exclamações) e este acontecimento com Walmor vira do avesso esta peça.
Já encenei duas, da Tetralogia: na 1ª, Cacilda! (uma Exclamação) Walmor já entrou, vivido por Marcelo Drummond. Montei a segunda, também Cacilda!!(duas Exclamações), quando ela é uma Estrela a Vagar pelo Rio de Janeiro. Dou o ano de 2013 pra Cacilda!!! (três Exclamações) e este acontecimento com Walmor vira do avesso esta peça.
Em 2015, se estiver vivo, monto Cacilda!!!! (quatro exclamações).
Agora é claro: pela atitude de Walmor, diante da vida toda, tudo que fez, Walmor e Cacilda equivalem-se, são ambos protagonistas. Marcelo Drummond vai viver este Protagonista este ano, da peça que será montada:
- no Teat(r)o Oficina
- em seu Entorno tombado pelo IPHAN em 2010, que já estamos ocupando: Um quarteirão Inteiro do Bixiga
-e no TBC em obras.
-e no TBC em obras.
Soubemos da notícia por Felipe, o dono da Pousada que nos chamou pra ver em seu quarto uma entrevista dele com 80 anos, que a Globo News pôs imediatamente no ar. Nela Walmor, o entrevistado, contagiou a entrevistadora e vi uma das mais belas entrevistas teatrais de minha vida. Tente ver, é deslumbrante. Walmor nela afirma emocionado o Valor Incomensurável do Teatro, atuando, contando do aneurisma de Cacilda no 2º Ato de “Esperando Godot”, como nunca havia contado.
ENFIM, TENHO MUITO Q DIZER SOBRE WALMOR, MITO DE “CACILDA!!! – GLÓRIA NO TBC”, ONDE A ATRIZ DAS ATRIZES ENCONTRA UM JOGADOR COM A POTÊNCIA DE SEU JOGO.
Os dois nesta peça abrem espaço para a complementação de Lina Bardi de seu Projeto Urbano pro Oficina, o renascimento do BIXIGA.
A Bandeirantes foi onde Cacilda mais trabalhou no tempo do Video Cassete. Tem de entrar nesta Aventura. Eu SOU APAIXONADO POR TODA MINHA VIDA PELA DUPLA – ESTE SUICÍDIO BATEU EM MIM FORTE.
MERDA
10 comentários:
às vezes sinto como se lesses meus pensamentos, Marise. Mesmo que já tenha "me chocado" frontalmente com algumas de suas postagens, que nem me permiti comentar, mais recentemente na que dizes preferir as putas aos drogados.
Fiquei vários dias pensando sobre o suicídio de Walmor Chagas. Queria postar. Queria cuspir cada palavra torta, cada letra morta ou viva.
O tempo passou e ... deixei pra lá. Hoje, com a barbaridade no Rio Grande do Sul, acabo lendo tua postagem e, agora, pensando: antes o suicídio! Mil vezes, mil exclamações! Eu me sinto com este direito também...
Beijo grande pra você.
Erika,
"Ato final" é o nome do artigo do jornalista Roberto Pompeu de Toledo, sobre o mesmo tema, publicado hoje na revista "Veja". É um primor. Acho que atende aos seus anseios e aos da Marise, ou mais que isso, equivale ao Cacilda !!!! (quatro exclamações, ou o ato final). Vale muito ler. Um artigaço. Abraçaço.
Minha filha, antenada com o teatro, me deu a dica; fui lá é peguei o Zé Celso pela unha. E o trouxe para cá tocada pelo filme AMOR.Mas, é bom ler um o Zé Celso; é corajoso e lúcido, gosto dele. Beijos!
Roger,golaço foi o seu post do Caetano.E ss quatro exclamações dizem tudo: é vero. Abraçaço!
Erika, deixa eu responder uma coisa sobre o slogan: Prefiro putas que drogados. Imagino que deva ter lhe chocado uma afirmação tão "rude". O meu propósito foi este, e continua sendo. Aqui na Campina tem o Grupo Cuíra que faz um trabalho muito bom de ao incluir as putas em atividades culturais e em outros projetos. Havia uma pessoa, não me lembro agora o nome, que organizava o movimento em defesa das prostitutas da Campina, e era minha vizinha do prédio ao lado, inclusive eu cheguei a levá-la por duas vezes no Sem Censura Pará, quando eu era uma das produtoras do programa, creio que em 1988(?). Aqui, na Campina, está a zona de prostituição mais antiga de Belém. Lendo o romance de João de Jesus Paes Loureiro vi isto com mais vagar....A presença de crakeiros na área está prejudicando o trabalho das putas e de seus puteiros decadentes. Eu fiz uma escolha: prefiro as putas. Foi duro porque é assim o campo da realidade por aqui. De fato, eu prefiro a revitalização do bairro da Campina e projetos sociais que tirassem as putas dessa condição, mas não acredito em Papai Noel, e desde os 8 anos de idade. O que estamos vendo é que nem as prostitutas podem trabalhar em paz. e há os que preferem tirar todo e qualquer vestígio da prostituição daqui. Como eu julgo impossível tais propostas tomei uma posição: Prefiro Putas que Drogados.
E tem mais uma coisa Erika, estas são posições sempre dilemáticas, e eu tenho algumas convicções sobre isto. Acompanho o embate na 28 de setembro entre os travestis e os moradores, quiça as soluções fossem simples entre os marginalizados e seus públicos. Eu não prego o extermínio de ninguém, nem que coloquemos as coisas debaixo do tapete; mas existe o mundo real e seus conflitos para além das teorias e das nossas idealizações.
Obrigada, caro Roger. Vouprocurar para ler sua dica. Abraçaço!
Marise, querida, acho que te referes à Lurdes Barreto, do Gempac. Opa! Tua parente, Carlinho?
Tenho um "sei-la-o-quê" pela rua Riachoelo e a vida que lhe corre no entorno. Gosto dela. Me atrai. Fetiche pequeno-burguês? Sei lá. O fato é que tenho memos é vontade sempre de sentar num boteco qualquer dali e ficar de bubuia tomando uma gelada.
Assim, se é que ficou alguma dúvida, reitero: absolutamente nada contra "as putas", nem contra seus puteiros decadentes. Não me sinto chocada com elas, nem ameaçada por elas, ainda que algumas possam ser ameaçadoras, como qualquer ser humano.
Rechonheço o valor histórico do bairro e o trabalho valoroso do Grupo Cuíra. Inquestionável tudo isso. O fato é que os drogaditos tiveram um dia a chance de escolher usar as drogas, seja lá por qual motivo for. Alguns depois perderam a autonomia de abandoná-las. Ainda que possam parecer criaturas bestializadas tantas vezes, em especial as que usam crack, são gente como a gente. Assim como as putas. Algumas entram "na vida" por escolha [outras nem tanta escolha assim] e nem sempre conseguem abandoná-la, resguardadas as devidas diferenças.
A sensação que tive com suas palavras, portanto uma experiência absolutamente íntima e intransferível [não quer dizer que foi isso que te movia], é de que tanto as putas quanto os drogados são seres... desprezíveis e que os drogados são tão mais merecedores de uma intervenção brutal e desumana que as putas, daí vc preferí-las. Bem, tudo divagação que a leitura me permitiu... beijo grande
Não é minha parente não, Erika. Rssss
Sim, Erika, querida!, às vezes eles me são absolutamente desprezíveis. Mas, neste caso, o que desejei foi colocá-los nas dimensões de escolha sociais. beijos
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