quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Pô, Sarney! Mil coisas!

Comentário de um anônimo sobre o post "Moda Xô Sarney" que tomo a iniciativa de publicar aqui.

Pô, Sarney! Mil Coisas!
Duas exclamações que sintetizam a perplexidade de uma geração.
O Vice Sarney, pelas mãos do insondável, foi contemplado com a Presidencia da República em razão do Presidente eleito Tancredo Neves ter morrido dias antes de tomar posse.
A ditadura militar que se despedia do comando do País não admitia uma solução jurídica que possibilitasse a ascensão do autêntico emedebista Ulysses Guimarães à Presidência, considerando-a uma provocação que inquietaria os chefes militares e poria em risco o processo de redemocratização. Pesava contra Ulysses sua incansável oposição com que enfrentou não poucas vezes as tropas de choque da ditadura. È emblemático de seu pensamento a "ordem" que deu a um comandante militar, para que afastasse a tropa e os cães, porque o Presidente do maior partido democrático da América Latina iria romper o corredor de escudos e cassetetes elétricos!!
Ulysses era sincero nos seus pensamentos. Ainda me lembro quando promulgou a Constituição de 88 e se referiu a palavra povo como uma palavra gasta pela exploração indevida dos oportunistas e daqueles que agrediram a democracia, de quem, confessava, sentia "nojo", e "asco". Isto como Presidente da Assembléia Nacional Constituinte, legitimando nossa Carta Magna, diante de uma cadeia nacional de rádio e televisão! Morreu ingratamente, num acidente estúpido de helicóptero, sepultado nas águas do Atlântico Sul.
Por tudo isto, aquela incredulidade do autor daquela faixa, esquecida em algum registro do passado, dizendo a nós de que frente a tantas tragédias, sonhos e possibilidades... entre tantas coisas póssíveis de acontecer, sucede de ser presidente da redemocratização brasileira um Sarney, raposa política tão emblemática para a ditadura militar quanto ACM e Paulo Salim Maluf!
Apesar de tudo não podemos negar ao Sarney que tenha se esforçado para levar o seu governo em bom termo, principalmente quando o confrontamos com o quadro de uma transição política complicada pelo legado econômico desastroso que herdamos decorridos vinte anos de diatura militar. É certo que resolveu muito pouco.
Nesse período de exercício da Presidência da República não esmoreceu em aprofundar sua absoluta influência no vizinho Maranhão, escreveu muitos romances, imaginou estradas que iam do nada para lugar nenhum, tornou-se imortal e de quebra "anexou" ao seu latidúndio eleitoral o Amapá, o qual, parece, querer repatriá-lo definitivamente para a Praia do Calhau. Não precisava, contudo, lançar mão da censura, utilizando um cacoete de seus tempos de ARENA.

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