terça-feira, 14 de novembro de 2006

Voltou

Simplesmente é um desatino que alguém insista em mandar colocar sua própria fotografia em local público. Gostaria sinceramente de ouvir o arquiteto Paulo Chaves explicando esta atitude.
Pessoalmente, não tiro seus méritos como arquiteto. Penso que há que se fazer distinção entre a crítica de seu trabalho como arquiteto e seu perfil como gestor da cultura (sua legítima opção política), mesmo que pareçam em primeira análise indissociáveis. São dois pontos de vista diferentes. Um julga a estética da obra per se, outro as prioridades, custos envolvidos, lisura de procedimentos administrativos, etc. Tanto um quanto outro são questionáveis e entendo que possam haver pessoas que também critiquem o aspecto estético das obras de "PKeys". Em nada me incomodam os projetos dele neste particular. Muito me incomodam os aspectos políticos, no tocante a prioridades, política de incentivos à cultura regional, entre muitos outros aspectos entre os quais a destinação final de tão belos trabalhos. E isso pode sim comprometer todo o valor de uma gestão. Mas no aspecto estético, não lhe nego méritos. É sem dúvida um talentoso arquiteto.
Em Belém, podemos ver obras com boa estética e outras com gosto duvidoso, como é o caso do Monumento à Magalhães Barata (que me perdoe seu autor pela sincera opinião), entre tantos outros.
Mas já disse alguém que "elogio em causa própria é vilipêndio".
Qual seria a razão desta placa então? No mínimo, um ato desnecessário.
E o silêncio, a pior das respostas.

Placa de volta

O retrato de Paulo Chaves voltou para a parede da Estação das Docas. A Pará 2000, administradora do espaço, informa que a foto havia sido retirada porque sofreu danos durante a desmontagem de um evento. Chaves prefere dar ao novo governo ou à Justiça o trabalho de livrar os visitantes daquela anomalia paga com o dinheiro público.

6 comentários:

Yúdice Andrade disse...

A impessoalidade constitui princípio reitor da Administração Pública, sendo uma conseqüência natural de outro, o da moralidade. É imoral usar a coisa pública em benefício próprio, mesmo que sem intenção lucrativa; a massagem ao ego também é vedada.
Tais princípios são expressamente consignados no art. 37 da Constituição. Com base neles, aquelas famosas fotos do Presidente ou do Governador, que existem em qualquer órgão público, são ilegais. São uma herança maldita da ditadura, que a vaidade incomensurável dos governantes jamais permitiu que fosse abolida.
Logo, quem quiser defender aquela plaquinha estúpida, deve saber que defende uma ilegalidade. Para dizer o mínimo.

Carlos Barretto  disse...

Excelente comentário, Yúdice. Como sempre.
Vai ganhar destaque tal a importância.
Abs e Obrigado

Anônimo disse...

Vamos torcer agora para que apareça o muiraquitã, como apareceu, de novo, a foto do bonitão.

Ô Paulô. onde é que foi parar o muiraquitã?

Carlos Barretto  disse...

Bem lembrado, anônimo. O desaparecimento desta peça que fazia brilhar os olhos de de quem visitasse o Museu Goeldi (Rocinha) há anos atrás, passou por uma operação abafa que acabou por relegá-lo a um injusto, imoral e inaceitável esquecimento.

Anônimo disse...

"Seu" Flanar,num vai dar trabalho algum prá tirar a já famosa placa, vai ser um prazer!
Achar o muiraquitã, demora um pouquinho mais.

Carlos Barretto  disse...

Antes tarde do que nunca, seu anônimo.
Rs...