quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Five to Midnight


Vaclav Chochola. Slepej, 1971
Em 1947, os diretores do Boletim dos Cientistas Atômicos da Universidade de Chicado (USA) criaram simbolicamente o Doomsday Clock, o Relógio do Juízo Final, destinado a mensurar o risco de um conflito nuclear capaz de aniquilar a Humanidade. A hora do Armagedom seria exatamente quando os ponteiros marcassem meia-noite, e antes que silenciasse a última badalada.
Desde então e de acordo com a temperatura da política internacional, os ponteiros do relógio avançam ou recuam, refletindo maior ou menor proximidade de uma guerra nuclear. Por exemplo, quando a extinta URSS testou sua primeira bomba nuclear, em 1949, o relógio passou a marcar três minutos para a meia-noite, e dois minutos, quatro anos depois, quando as duas superpotências iniciaram a porfia de testarem bombas nucleares cada vez mais poderosas a cada nove meses.
Mas ouve momentos de alívio. A ocasião da assinatura do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, entre URSS e EUA, o relógio cronometrou até hoje a distância máxima para o fim dos tempos: cravados 17 minutos. Curiosamente, na Crise dos Mísseis Cubanos, momento da história em que estivemos os mais próximo de uma catástrofe nuclear, o relógio não se moveu. A situação por si falava ao mundo da gravidade dos fatos e os cientistas decidiram não botar mais lenha na fogueira.
Hoje, o Boletim dos Cientistas Atômicos informou a Humanidade que o relógio foi alterado de 7 para 5 minutos em razão de fatos importantes estarem desenhando o advento de uma 2a. era atômica com todos os riscos que isto significa em termos de geopolítica internacional.
A primeira deles é a insegurança dos artefatos nucleares disponíveis nos países da extinta União Soviética, expostos a roubos e possível contrabando para criminosos internacionais, políticos ou não. Em segundo é o fim da era do petróleo, e com ela a mudança das fontes de combustível para a produção industrial. Não é só o Irã que está buscando energia nuclear. O Egito também reativou seu programa, mas como é aliado dos EUA, não ganha as manchetes internacionais.
Os cientistas advertem que avanços na biotecnologia - genética e nanotecnologia - e as alterações climáticas agregam também consideráveis riscos para um conflito nuclear em razão da possibilidade de uso daquelas tecnologias em armas biológicas até então não disponíveis, bem como, em termos de clima, a elevação das temperaturas no planeta provocarem disputas por terras ricas em recursos hídricos.

5 comentários:

Anônimo disse...

E eu que nasci precisamente em 1947.
Já tinha ouvido na rádio e desconhecia da existência deste relógio.
Temos 5 minutos cósmicos para viver na Terra? A quanto tempo real irão corresponder esses minutinhos?
António

Itajaí disse...

Dependerá de como a gestão ambiental for feita no mundo e o controle que se possa ter sobre a energia nuclear e seu uso, incluídos nesse último aspecto as potências militares nucleares reconhecidas - China, EUA, Rússia, Paquistão, India, Inglaterra, França e Coréia do Norte (só EUA e Rússia contabilizam 19 mil armas atômicas).
Outro problema é o Oriente Médio com a quebra da economia do Petróleo nesse século. Em quarenta anos as reservas de gás do Egito, por exemplo, estarão esgotadas e as reservas petrolíferas na pior hipótese em 15 anos. Lembremos que embora não seja reconhecido oficialmente é quase certo que Israel possui algumas ogivas nucleares.
Mas, sem dúvida, a maior preocupação dos cientistas é o controle sobre as armas, ou o que restou delas, nas antigas repúblicas socialistas da extinta URSS.

Itajaí disse...

Na verdade o relógio em si é simbólico e a velocidade com que se move, para frente ou para trás, resulta da conjuntura internacional. Não tem necessariamente relação com o tempo habitual. A criação dele é uma forma da comunidade científica alertar aos países sobre os riscos de uma catástrofe nuclear.

Unknown disse...

"...disputa por terras ricas em recursos hídricos" ?
hum hum...
Logo vai chegar por aqui,Oliver.
Bom domingo, compadre

Itajaí disse...

Lembro que li, certa vez, uma notícia veiculada em não sei qual jornal da terra, dando conta de que navios tipo petroleiro, com bandeira do oriente médio, estariam aqui no estuário a encher os porões com o líquido do Amazonas.
Qual o fundo de verdade, se não houve confirmação da notícia?
De qualquer maneira, sem interrogações, este será o século da escassez de água e de elevadas temperaturas. Então, Juvêncio, bom desde já pormos as barbas de molho! Boa semana para vocês.