domingo, 15 de abril de 2007

E Berlim disse não



Frente a pressão do Egito para repatriar o busto da mais bela rainha da Antiguidade, o governo alemão jogou duro. Não devolve, nem empresta Nefertiti ao Museu do Cairo. Quem quizer conhecer a peça arqueológica de 3330 anos que vá a Berlim.

5 comentários:

Yúdice Andrade disse...

Foi roubado honestamente, por isso não devolvem. É mais um exemplo dessas pilhagens que outrora se faziam com freqüência, mormente nos tempos das grandes colonizações. Levavam-se, de seus locais de origem, peças tidas de valor artístico, quando para os povos pilhados elas valiam muito mais de que isso - por sua história, religiosidade, significação político-social ou até mesmo pelo sentimento, puro e simples.
O imbróglio Alemanha x Egito traz à baila a velha discussão em torno de quem é dono do quê, ou se podemos agir como donos do que possui especial para outra cultura.
Não creio que essa novela vá terminar algum dia. Pelo contrário, passa o tempo e ela piora. Basta lembrar os japoneses e não sei mais quem registrando como marcas suas o nosso açaí, o cupuaçu... Crápulas. Felizmente, nesse caso o espoliado foi quem venceu.

Itajaí disse...

Ótimo comentário. Obrigado, Yúdice.

Anônimo disse...

"Data venia", Yúdice, mas não vejo por aí.
Óbvio que não se pode deixar de reconhecer que houve pilhagem, mas a História já tornou (ou, ao menos, deveria ter tornado) superada a discussão. Não creio que ainda haja espaço, nem tempo, para reminiscências deste passado; os desafios da Diplomacia, hoje, são outros - e o assunto é, inegavelmente, afeito ao campo da Relações Internacionais.
Na minha opinião, a vontade de debater sobre o retorno de Nefertiti ao Cairo tem, para o governo egípcio, os mesmos motivos (alguns inconfessáveis) do governo argentino em relação às Malvinas.

Itajaí disse...

Francisco, ambos tem razão nos respectivos pontos de vista que trazem à discussão. Sabemos que muitas dessas obras foram butim de guerra, pilhagem mesmo como está acontecendo no Iraque, que é pior porque é contrabando para coleções particulares.
Bom ao menos as múmias egípcias do Museu Nacional estão salvas. Foram um presente ao nosso segundo imperador.
Certo é que há casos e casos para serem analisados.
Por outro lado eu confio mais na conservação alemã do que na egípcia, pelo que eu ví por lá, inclusive no Museu do Cairo.

Ephiesters disse...

Em se tratando de uma peça de obra artística e com um valor histórico muito grande e de extrema importância para a preservação e reflexão dos acontecimentos passados, acho que a estátua pertence ao mundo, à civilização, ao Homem e deve-se ter um cuidado muito grande em sua conservação. Por mais que possamos admitir que a peça é produto de pilhagem por obra dos colonizadores europeus na expansão de seus domínios, presumo que sua permanência na Alemanha assegura a existência. Todavia, como real proprietário dessa valiosa peça, o Egito tem direitos sobre ela, mas convenhamos que num país onde não se respeita a vida, onde a própria religião domina a consciência, prefiro dizer que os alemãos têm razão em não querer devolvê-la ao seu real dono.