domingo, 19 de agosto de 2007

Uma artista amoral

The wonderful, horrible life of Leni Riefenstahl, com direção de Ray Muller é um portrayt da principal cineasta da Alemanha nazista, diretora de documentários políticos como O triunfo da vontade (1935) e Olympia (1938), até hoje considerados clássicos do gênero. Aos 101 anos, Riefenstahl talvez tenha sido a última dos condestáveis do regime de Hitler a morrer, já no século XXI.
Apesar do filme ser criticado como tentativa de reabilitação da cineasta, não o ví por esse ângulo. Tenho claro que a narrativa do diretor demonstrou uma artista obcecada pela técnica de cinema e fotografia; seduzida mais pela forma do que pelo tema em si, que trata sem preocupações de conteúdo antropológico.
Na verdade Riefenstahl revelou-se não uma cínica nas suas relações com o poder, mas sobretudo dona de amoralidade que a levou da glória nazista à danação no pós-guerra, e que a fez empedernida a qualquer mea culpa por sua notória contribuição ao nacional-socialismo alemão. Apesar do olhar estético sempre ariano, seu trabalho fotográfico sobre as tribos africanas dos Nuba e Kau, realizado nos anos 70, é de rara beleza.

2 comentários:

morenocris disse...

Oliver, gosto de seu estilo. Um contra o outro...rsrsrs

Mas olhe, Hannah Arendet foi condenada também por amar Heiddgger.

Beijos.

Itajaí disse...

É, Cris, tem razão o poetinha quando nos ensinou: "São demais os perigos desta vida, pra quem tem paixão".