domingo, 2 de dezembro de 2007

Roleta russa


Fonte: Revista Época - 24/11/2007
Temos deparado com questões gravíssimas quando observarmos como os partidos políticos brasileiros se digladiam entre si e na intimidade para assegurarem o poder. Com respeito a esse aspecto grave, um dos sintomas observados ultimamente é a insistência do PSDB e xerimbados em colar no Presidente Lula a pecha de conspirador por um terceiro mandato, buscando identidade entre este e aquele bufão que pretende ser o Bolívar do século XXI.
A insistência nessa tese, pré e per-conferência nacional dos pesssedebistas, especialmente porque desmentida antes e seguidamente pelo próprio presidente, relembra o golpismo desavergonhado da UDN de parceria com o IPES e o IBAD para mergulhar o país na mais profunda crise democrática jamais experimentada, apesar da experiência do Estado Novo.
Se hoje não mais existem essas instituições golpistas que reuniam empresários em torno da idéia de depor João Goulart de qualquer jeito, a qualquer custo, não é ignorável que escafede em instituição com sede na Avenida Paulista um esforço sustentado para fragilização do governo no que respeita a questão da CPMF, quando pretende descaradamente denunciar a aprovação do tributo com uma posterior tentativa de prorrogação do mandato presidencial. Não a toa, o Presidente redarguiu com dureza que o fim da CPMF só interessa a sonegadores - mas aqui uma pausa: se de direito o são, pau neles, porque lei, polícia e xadrez existem para isso.
Mas, prova dessa aventura gaiata com a democracia é a pesquisa DATAFOLHA que articula de forma "insuspeita" três fatos: o tal alegado terceiro mandato do Presidente, a posição do eleitorado brasileiro sobre o assunto e quem seria o principal requerente da cadeira presidencial em 2010, ou seja, o paladino da democracia brasileira contra o espúrio "terceiro mandato".
Não precisa nem prometer um doce a quem advinhar a óbvia reprovação pública de um terceiro mandato presidencial consecutivo, tese de antemão reprovada pelo próprio presidente; mas deixa-nos preocupado quando revela quem o principal favorito na disputa, senão o atual governador de São Paulo, Sr. José Serra.
Para quem vive nas sombras da mídia, deslembrado pela arrogância mal-disfarçada e o mau humor de um insone, a pesquisa não é rima, mas preocupante aventura de quem acha que joga sozinho o jogo político, favorecido por pertencer a um tecido partidário completamente esgarçado e dissonante. Uma aventura que no limite não hesitaria em rasgar os escrúpulos diante da oportunidade de forçar um retorno ao poder. Um roteiro de filme B que provoca náuseas pela primariedade do argumento, embora altamente custoso para qualquer democracia que mereça assim ser chamada.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oliver,
Até o Estadão denuncia que a estória do terceiro mandato surgiu porque os tucanos não tem projeto político para disputar. Quanto a pesquisa que vc. refere realmente é dose. A chamada de capa da Folha de hoje é exatamente a reprovação do terceiro mandato, um factóide, relegando o fato para a matéria no caderno, a quem se der o trabalho de ler: Lula tem aprovado o seu governo, beirando os 50%. Esses caras são dose.

Anônimo disse...

Terceiro mandato nesse país, só o do Remo e o do Paissandu. Terceirona e ponto final.