sábado, 15 de dezembro de 2007

O gigante tremeu

Os EUA não suportaram a pressão na reunião sobre mudança climática da ONU e jogaram a toalha. Numa reviravolta espetacular, o governo norte-americano cedeu às pressões da China e da Índia para rever suas emissões de carbono. É uma vitória histórica dos países em desenvolvimento e, particularmente, do grupo de países conhecido pela sigla BRIC, integrado pelo Brasil, Rússia, Índia e China. Da reunião derivará um novo acordo que substituirá o Protocolo de Kyoto, instrumento diplomático que os EUA se recusaram a assinar em 99. Está acertado que o novo documento estabelecerá aos países ricos metas para redução da emissão de gases em 25-40% até 2020.

4 comentários:

Anônimo disse...

Pergunto, qual foi o mérito concreto do Brasil para essa vitória? Pelo que eu tenho acompanhado, nada além de retórica e vaidade provinciana.

Com a atual política externa brasileira ainda mantermos a letra B na sigla BRIC parece ser a maior das realizações. Apesar de estarmos apenas coadjuvando.

Itajaí disse...

Anônimo, não sei lhe dizer qual o tamanho do mérito do Brasil nessa negociação. As vezes penso que a idéia de sermos gigantes, trabalhada no ideário nacional, atrapalha um pouco as avaliações e tem o efeito colateral de nos tornarmos sujeitos de um pessimismo histórico estéril.
Mas, independente de qual papel específico o Brasil teve, inegável que o resultado da reunião é de grande importância para o mundo e para o conjunto dos países em desenvolvimento.
Quanto a política externa brasileira tenho mais uma divergência consigo.
Ela ainda é tímida, mas tem demonstrado um esforço para se adequar aos atuais desafios do mundo.
Lembrar que durante anos nossa diplomacia, que nos deu diplomatas brilhantes, ficou praticamente imobilizada na função de auxiliar as negociações do protocolo da dívida externa.
Hoje, na apreciação esforço de responder ao desafio da constituição de bloco econômicos (esse é o cenário político do século XXI), são louváveis ao meu ver as embaixadas realizadas na África, na Ásia e na Europa.
Na América Latina, penso que poderiam ser melhores em relação a Cuba e Bolívia.
Quando à retórica que incomoda, infelizmente não tem jeito. Está para a diplomacia como o bisturi para o cirurgião. Por essa razão os negócios diplomáticos têm seu tempo próprio, nem sempre esgotado nos 45 minutos do segundo tempo, ou no prazo dos governos. Em diplomacia a ansiedade pode por abaixo uma negociação.

Anônimo disse...

Esclarecendo aos comentaristas: foi enorme a contribuição do Brasil na questão das florestas. A proposta original dos países ricos era a seguinte: cria-se um mercado de carbono em que os países em desenvolvimento receberiam dinheiro para reduzir suas emissões de CO2. Em contrapartida, os países ricos poderiam aumentar suas emissões até esse limite.
Tratava-se de uma forma de aumentar a desigualdade no desenvolvimento entre países ricos e pobres no mundo. Marina Silva e a diplomacia brasileira lideraram essa questão. Um conselho: não é porque simpatizemos com partidos diferentes, que vivamos em países ou mundos e mundinhos diferentes que racionalidades sejam incomunicáveis. Algum canal de comunicação e entendimento é possível, senão resta a barbárie, e com ela a derrota da humanidade.

Itajaí disse...

Muito obrigado, pelo esclarecimento e pelo conselho, anônimo. Apareça sempre por aqui.