Pelo jeito, não só aqui mas também "lá", há que se ter muito cuidado no que se lê e principalmente, no que se acredita.
Tal atitude, pode parecer óbvia. Mas para milhões, que enfiam o que lêem pela goela sem a saudável prática do desconfiômetro, serve como alerta.
Luís Nassif no Observatório de Imprensa, descasca a revista Veja no artigo Estilo neocon, política e negócios.
Um artigo laudatório e recheado de citações. Mas logo, vai aparecer o "contraditório". Que venha. Dele, quem sabe com um pouco de sorte, apareça a verdade que a todos interesssa. Até o momento, pela quantidade e qualidade de fatos apresentados, e pela bisonha resposta de "lá", quem parece sair ganhando é Nassif.
10 comentários:
Fazer as pessoas perceberem os abusos da imprensa tem sido uma constante para mim, no blog e em sala de aula, já que a área penal é uma das mais sacrificadas nos projetos malucos dos maus veículos de comunicação.
Mas o cuidado tem que ser amplo, geral e irrestrito. O artigo que indicas, muito bom, sem dúvida, foi escrito por Luís Nassif, que salvo engano foi advogado de Luíse von Richthofen e escreveu artigos sobre o caso dela. Tais artigos tinham uma nítida intenção de vitimizá-la, colocando-a como a pobre filha de um pai com delírios de grandeza. Ou seja, manipulação do público.
Enfim, é criticar a imprensa e o crítico da imprensa. Inclusive eu.
Gente, é Susane, não Luíse. Onde eu estava com a cabeça?
Na Luize Altenhofen, talvez?
Vc tem a mais absoluta razão. E a ressalva está aceita plenamente.
Não a quiz fazer, para não tirar o brilho do texto, que é raro, em se tratando de crítica da imprensa, pela imprensa.
Abs
Porém nunca é demais lembrar o seguinte:
Liberdade de expressão é um dos bens mais preciosos em qualquer sociedade civilizada;
Um dos pilares da democracia é uma imprensa livre.
Dentro deste contexto a linha editorial de Veja é perfeitamente aceitável. Repreensível sob o ponto de vista ético e talvez da qualidade (depende de quem opina), porém completamente aceitável.
Os mais afoitos podem logo dizer que há aqui um enorme risco do brasileiro sem cultura, educação ou sofisticação intelectual “comprar” essas verdades de Veja como inquestionáveis e que isso é uma coisa ruim.
É claro que é! Porém pior seria a censura ou controle das opiniões.
Outros podem então propor alguma forma de regulação mais “severa” na imprensa nacional. Na realidade o próprio governo, muitas vezes vítima da revista, infelizmente já exercitou tal raciocínio.
Minha posição é sempre contrária a essa prática. Isso é ruim por vários motivos e principalmente porque jamais haveria isenção suficiente para exercê-la.
O que o estado brasileiro (qualquer estado) deve fazer é cumprir bem com a parte que lhe cabe. Deve zelar por uma justiça proba e célere, deve cumprir suas obrigações constitucionais, deve preocupar-se em regular adequadamente os mercados para que os consumidores não sejam prejudicados e para que as empresas tenha igualdade de condições para competir. Mas principalmente, acima do que qualquer coisa, deve combater e dar um bom exemplo em relação a corrupção, em todas as suas formas.
Quero dizer que esse texto não é pró-Veja. Concordo com boa parte da linha de raciocínio desenvolvida pelo jornalista Luis Nassiff, uma linha verosímil e com argumentos suficientes (se verdadeiros) para justificar algumas posturas assumidas através da revista. Serviria inclusive como instrumento de denúncia.
Porém me incomodou a total ausência no texto, de uma defesa mais veemente da liberdade de expressão. E de uma crítica dura a qualquer tentativa de tutela da imprensa.
Sobre Veja, acho que a minha opinião é como a da maioria aqui. A revista vive uma crise de credibilidade e não faz absolutamente nada para mudar isso.
ASF
Aproveitando para fazer um adendo, especialmente para o ASF: justamente em nome da liberdade de expressão, entendo que a Veja e todos os demais veículos podem publicar o que bem entenderem. O que me irrita é o discurso da imparcialidade. Se o sujeito informasse a que senhor serve, aí tudo maravilha.
É como imprensa religiosa: tudo o que publica segue a liturgia da religião que banca o periódico. Mas todo mundo sabe disso e só lê quem quer. Aí tudo bem.
Ia deixar para responder ao ASF hoje mas o Yúdice já se antecipou, exatamente com os pontos que ia levantar.
Não faço ressalvas nos textos que escrevo quando critico a imprensa, no tocante a liberdade de expressão. Considero este direito fundamental, pedra intocável e questão já discutida. E não formulo longas explanações a este respeito, até mesmo por que neste blog, só escrevem pessoas que comungam da mesma idéia fundamental. E se aparecer algum leitor contrário a ela, tenho certeza, logo saberá nossa opinião, após ter seu desatino, devidamente publicado, desde que respeitoso e desprovido de ironias ou cinismo. Estamos adultos, com história de vida suficiente para rechaçar aqueles desarvorados que ousarem atacar os direitos fundamentais do cidadão. Mais do que estar preocupado com a liberdade de expressão, irrita-me muito mais sua utilização em "falso testemunho" digamos, que é o caso escancarado da revista Veja e muitas outras publicações(inclusive e principalmente as publicações diárias locais, como já ficou fartamente provado), a serviço sabe lá Deus de quem, uma vez que não tem a dignidade de declarar seus escrachados conflitos de interesse.
Um ponto, a meu ver, que muitos fazem que não vêem, ou deliberadamente, desejam que outros não vejam o que é gravíssimo. É o tal do "joão-sem-braço".
Nestas circunstâncias, pessoalmente, me manifesto absolutamente irritado e continuarei postando meu protesto, sempre que cabível!
Pois é outro flagrante e gravíssimo desrespeito a tão propalada liberdade de expressão. Um desvio de conduta em seu nome, por assim dizer.E prioritário ressaltar, antes mesmo de outras preocupações elementares.
Abs
Concordo completamente com vocês sobre o quanto pode ser desagradável esse cínico discurso da imparcialidade. No caso específico de Veja, todos nós certamente já nos sentimos contrariados ou até mesmo sentimos repulsa (em alguns casos) lendo certas barbaridades que freqüentemente são publicadas na revista.
Mas isso faz parte do jogo, pensar diferente é perigoso demais.
Com abertura e liberdade de expressão (como aquela que é exercitada diariamente aqui neste espaço) sempre será possível o embate de idéias e o confronto de opiniões, não importando o tamanho dos interesses envolvidos.
ASF
Desculpe, Antonio. Mas acho que não concordamos completamente não. Vc parece tolerante ao que classifica de barbaridades.
Pessoalmente acho isso inaceitável. E não pretendo como cidadão aceitá-las, sem crítica, muito menos alentando o discurso fácil da "liberdade de expressão". O que é uma falácia que os desatinados já se acostumaram a utilizar em sua defesa. E inclusive se acostumaram a não publicar as críticas dos leitores nesta ferida. Mantenho meu propósito de fazê-los sangrar por este "deslize" que põe a perder nossa democracia. Tão perigoso ou mais do que o "falso argumento" da LE.
Sorry, mas deste ponto, não há concordância. Até por questão estratégica, digamos.
Abs
No fundo concordamos sim, descontadas suas diferenças de semântica. :-)
Faça-os sangrar é um direito todo seu. E até mesmo, porque não dizer, um dever como cidadão consciente.
Na maioria dos casos ajudarei com o maior prazer!
Tudo garantido e muito bem respaldado pela LE.
ASF
Bem. A "diferença semântica" é "sutilmente" diferente. Principalmente quando se analisa os fins. E também os meios, por que não dizer. E rende milhões em espuma no caso em questão.
E em tantos outros...
Abs
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