Vi uma charge retratando a "queda" da Ministra Marina Silva. Ela aparecia como um tronco de árvore, serrado. Uma alegoria feliz, na medida em que a ministra aparecia petrificada, engessada, como de fato foi ficando num governo que a elogiava em eventos, mas lhe suprimia espaços e não lhe dava respaldo nem condições de agir. Só não de todo feliz porque, a meu ver, Marina não caiu: ela saiu de pé - e de cabeça erguida, coisa que outros tantos ligados ao governo, que efetivamente caíram, não puderam fazer.
Não foi fácil passar mais de cinco anos sendo bode expiatório de diversos problemas econômicos no país. Mas poucas vezes (ou nunca antes na história deste país) se viu um membro do primeiro escalão do governo enfrentar com tanta galhardia as imensas pressões ao seu redor, mantendo a coerência de seu discurso, de seus atos e daquele com estes. Merece destaque, ainda, que muitas pedras foram atiradas contra Marina, mas nenhuma por corrupção, tráfico de influências e outras diversas chicanas já consolidadas na praxe política brasileira.
A imprensa agora expõe a perplexidade dos ambientalistas, que perderam um soldado, e a satisfação dos desenvolvimentistas. Odiei essa palavra. O seu simples uso já denota falta de senso de realidade, para dizer o mínimo. Porque remonta à idéia para lá de ultrapassada que entende desenvolvimento como produção de riquezas para o empreendedor e para o Estado, por conta da tributação. É isso que a camarilha quer: dinheiro no bolso do empresário e nos cofres do Estado que gasta mal. Há décadas o desenvolvimento ganhou uma nova perspectiva, que exige a proteção ambiental e a externalização da riqueza. Sem essas duas variáveis, não há desenvolvimento, mesmo que a atividade tenha gerado bilhões de dólares. Ignorar isso desqualifica qualquer debate. Negar isso é má fé.
Os próximos capítulos desta história não parecem nada favoráveis.
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