quarta-feira, 11 de junho de 2008

Safo e o Transitório

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Vós, dotadas de belezas pela Musa de seios floridos,

filhas, aplicai-vos também ao canto límpido da lira:


Eu que fui delicada outrora, agora a tez da velhice

me alcançou, brancos tornaram-se os cabelos negros;


Meu coração se fez pesado, os joelhos não levam

quem foi lépida dançarina, certa vez, como um fauno.


Lamento-me dia após dia; mas que posso eu fazer?

Não envelhecer, para o homem, é um caso impossível.


Assim contam que Aurora, apaixonada, em braços róseos

carregou Titônio, levando-o até o extremo da terra,


quando belo e jovem mas este igualmente foi calçado

pelo tempo grisalho da velhice, tendo uma esposa imortal...


(Fragmento de Poema Sáfico. Trad. Fernando Santoro. Brasil, 2005)

Um comentário:

Yúdice Andrade disse...

E veja só: Safo sem malícia, falando do tempo, da velhice, da vida. Gostei bastante.