Está em voga uma tendência, que me parece ser bem brasileira, de futebolização de toda espécie de debate. Não há uma crítica que se faça em que não apareça um interlocutor apontando o dedo para aquele que considera adversário, acusando-o de fazer o mesmo, ou pior. É assim na política, na imprensa, na economia.
Não há quem, hoje em dia, ao analisar uma conduta e sobre ela expressar opinião, não seja rotulado por quem discorda de "inimigo" e fustigado com argumentos do tipo "vocês roubavam mais", "o partido tal também fazia", "todos fazem assim", ou ironias como "é, só nós fazemos, vocês não".
Assim seguimos na nossa mediocridade, acreditando que o mundo se divide em mocinhos e bandidos, céu e inferno, positivo e negativo. Simplificamos o debate, maniqueístas como só nós sabemos ser.
5 comentários:
Não entendi 2 coisas:
1- Onde se enquadra a metáfora com o futebol ("futebolização") nessa "tendência"?
2- Onde está o maniqueísmos se os dois lados, segundo o exposto, passam a se declararem como os "bandidos", os "ladrões" do erário público?
Respondo:
1. No futebol, ou você é Remo, ou é Paysandu; ou é Flamengo, ou Fluminense. Nas discussões, não há nada de bom no outro lado. Se você fala mal de um time é porque torce pelo outro;
2. No maniqueísmo, se você está do lado do bem, o outro lado é o mal. Na verdade, você tem certa razão: o termo maniqueísmo cabe somente em certo ponto do post; sob outro ponto de vista, o argumento usado deveria ser o de que "se somos podres, eles também são".
Obrigado pela chamada. Volte sempre.
Aliás, se o post mereceu tantas explicações, é porque ele não foi claro. Prometo revisar os próximos, ok?
Meu comentário foi mais pra ressaltar uma coisa que achei muito importante: se os dois lados assumem que fazem coisas ilícitas, acabou o maniqueísmo na política brasileira.
Eles assumiram que não há bons nem maus, só ladrões!!!
Nem tanto, das 14:13. Se não, é melhor fecharmos o boteco e irmos todos embora daqui.
Obrigado mais uma vez.
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