sexta-feira, 4 de julho de 2008

Saúde: discutindo a relação

Como vai a saúde pública? 100% dos participantes responderão o óbvio: mal, muito mal!
Disto todos nós já sabemos. Estamos mesmo é cansados de saber, de ouvir notícias diárias, sem que possamos parar um pouco para pensar e principalmente passar para a ação.
O jornalista Afonso Klautau (AK), em comentário neste blog no post Imagem do dia, manifesta sua preocupação com o atendimento, na esteira do terrível assunto do momento que é a mortalidade de bebês na Sta Casa de Misericórdia.
O Flanar já tocou no assunto no post de Oliver Remendos Baratos de 26 de junho. Lá tive oportunidade de manifestar minhas impressões pessoais sobre o fato pontual, bem como outros leitores e posters do Flanar.
Mas Afonso, manifesta justíssima preocupação com o atendimento em si (relação médico- paciente), que é levado a efeito nos postos de saúde, hospitais públicos e também em alguns privados. Na opinião dele (e o poster concorda) existem relatos de maus tratos mesmo. Como se não bastasse a população ver-se tolida de um atendimento tecnicamente adequado, frequentemente tem que lidar com grosserias, humilhações e coisas do gênero.

Veja um trecho da manifestação de AK no post Imagem do dia, para entender o que desejamos saber:

Ouvi, ontem, a opinião de uma paciente do SUS contando que já saiu do posto de saúde se sentindo bem melhor por causa do atendimento atencioso e profissional de uma médica.
Palavras dela : - é a primeira vez que fui tratada como gente.
O debate que gostaria de ver, então, nessa questão multifatorial, é o fator do atendimento.

A pergunta é: qual a razão para este comportamento por parte dos profissionais de saúde?

Pessoalmente já forneci uma parte de minha opinião na caixinha de comentários nos posts citados. Deixarei para complementá-la, se necessário, ao sabor do bom debate. Bom e respeitoso debate, adianto. Manifestações desatinadas contra nossos comentaristas não serão publicadas. Nosso interesse é garantir uma conversa cidadã. Bom mesmo seria que os próprios profissionais de saúde que talvez frequentem o blog, se manifestassem de maneira a trazer, quem sabe, algumas respostas para a pergunta. Melhor ainda, que todos compareçam para contribuir.
Vamos lá! Cortar a carne!
Só assim poderemos cobrar com convicção, o tipo de melhorias que desejamos e temos direito segundo a constituição. E também saber de nossas obrigações como seres humanos, ajudando seres humanos.

3 comentários:

Anônimo disse...

ak diz
Flanar : que tal começar pedindo a opinião das seguintes medalhas da medicina paraense sobre como resolver o caos desse símbolo da saúde do Pará, que é a Santa Casa: Salomão Kahwage, Benjamin Magno, Salvador Nahmias, José Cláudio Rodrigues, Cesar Neves, Whasington Braun, Haroldo Pinheiro. Só esses pra começar. Será que eles tem alguma opinião a dar sobre a saúde pública? São 7 médicos respeitadíssimos pela competência.
Afonso Klautau

Frederico Guerreiro disse...

Falta de condições de trabalho; de treinamento; de equipamento (ex.: antigo "tijolinho" mantido pela UFPA); de investimentos para a descentralização dos atendimentos (para que uma parturiente não venha de Muaná para cá - foi promessa de campanha); superlotação; falta de saneamento básico; falta de medicina preventiva; preguiça dos médicos; baixa remuneração; altas taxas de natalidade (teima em não baixar por aqui pelo norte - pelo contrário); crença popular de que hospital é garantia de sobrevivência, ou seja, de que médicos e enfermeiros têm responsabilidade objetiva pelos insucessos no tratamento; tese corroborada pela parte despreparada do jornalismo sensacionalista; despreparo dos serventuários da saúde pública; falta de técnicas de psicologia no atendimento; enfim, toda a sorte de problemas causados por uma gestão incompetente, que só sabe jogar responsabilidade para os "fatores históricos" (tanto o estadual quanto o municipal), discurso capaz de deixar o mais pacato servidor insandecido.
Todos os dias morrem bebês em hospitais públicos e particulares, guardando as devidas proporções. Inclusive aqueles de gravidez de alto risco e com infecção bacteriana e parto prematuro de seis meses (o pai deu entrevista culpando o hospital, "ele até mexeu a perninha", disse, como se não fosse um ser vivo. Portanto, não é pontual.
Do jeito que está sendo noticiado, no final do ano chegaremos à manchete jornalística de que houve um holocausto na Santa Casa.
Depois daquele decreto que proíbe manter meninas adolescentes presas em celas com homens, presume-se que, antes das eleições, teremos um decreto do executivo que proíbe os bebês de morrerem na Santa Casa.
Há problemas? Sim. Mas não se pode exagerar e converter as mazelas em moeda política, nem jogá-las sobre os ombros dos médicos. Tem é que cuidar do povo.

Anônimo disse...

Lamento, AK, mas dificilmente os citados teriam alguma contribuição a dar que não seja mero palpite. Saúde Pública é especialidade tão séria quanto aquelas que os citados exercem, e muito bem.