Na rodovia em que meu caminhão se atira
num ímpeto veloz, a devorar distâncias,
em resfôlego mau de peito brusco em ira
todo ele a vibrar descomedidas ânsias.
Entre usinas febris, entre calmas estâncias,
eu vejo a ir e vir (sempre com a mesma mira:
o passar, o vencer, em quaisquer circunstâncias,
a concorrência atroz que o mesmo ar respira).
Vinte motores mais, poderosos, rugindo,
- terremotos em lei, sob regras, seguindo
num barulho de horror... E lembro, sem querer,
estradas do sertão, como serpentes mortas,
esticadas ao léu, bruscas, incertas, tortas,
onde os carros de bois à tarde vão gemer...
Antônio Tavernard - poeta paraense (1908-1936)
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