quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Sacada para o rio

Trapiche do Mangal das Garças visto do Portal da Amazônia. Ao fundo, o bar Mormaço.

O blog do Hiroshi Bogéa divulga imagens do Portal da Amazônia, cujo primeiro quilômetro de obra já está em fase avançada. Há fotos belíssimas no post correspondente.

Coincidentemente, estive também no local este final de semana, mais exatamente no sábado à tarde. É impressionante constatar como a cidade é órfã e sedenta de beira de rio. Neste sentido, o Portal da Amazônia é um grande presente para Belém: havia muitos carros no passeio, gente circulando pela área, até mesmo uma espécie de barraca de praia montada na calçada, com uma reunião de jovens em volta de um som (tocando música boa e em baixo volume!) e de um isopor. Uma verdadeira festa à margem do Rio Guamá.

No entanto, nenhum dos circulantes era habitante das redondezas. Ninguém das baixadas e palafitas da região.

Que a obra vem em bom tempo, isto é inegável. É certamente a única obra verdadeiramente boa da administração Duciomar Costa. Se o gerenciamento do projeto é correto, já são outros quinhentos cruzeiros. Também são outros quinhentos saber se a obra beneficiará o entorno, ou se será uma jóia incrustrada em um bolsão de miséria.

Palafitas vistas do final do Portal.

O fato, porém, de que o BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento teria aprovado o financiamento da macrodrenagem da bacia da Estrada Nova, noticiado pelo Bogéa, é um alento de inclusão dos habitantes das cercanias no projeto do Portal. A melhoria das condições de vida naqueles bairros, porém, pode ser que venha tarde e perca tempo diante da velocidade da especulação imobiliária. Quando drenados os canais e igarapés do Jurunas e Guamá, talvez haja poucos remanescentes do início da obra e a região esteja tomada de espigões. É dever do novo (ou do mesmo) prefeito ficar de olho atento para esta realidade. Infelizmente, temos poucas chances de que isto ocorra.

4 comentários:

Frederico Guerreiro disse...

Os egípcios antigos talvez construíssem uma pirâmide mais rapidamente, porque, por aqui, só temos os faraós das obras públicas. Inclui-se o sedizente.

Yúdice Andrade disse...

Com seus gramados, Fred. Nada além de gramados.

Anônimo disse...

Existe um código de conduta municipal que proibe a construção de prédios com mais de 7 andares na área que vai da 16 de novembro pra lá, na direção da Estrada Nova. Estaríamos a salvo dos espigões. Tomara que respeitem!!!

Francisco Rocha Junior disse...

Das 16:16hs, as leis que regulamentam os parâmetros de construção (tecnicamente chamados de gabarito) em Belém são de natureza ordinária. Significa dizer que são as mais fáceis de ser modificadas.
Portanto, não há razão, infelizmente, para nos alegrarmos: se a prefeitura quiser (e dependendo das "propostas", ela quererá), a câmara municipal modificará estes limites. Recentemente, inclusive, noticiou-se que um certo vereador belemense, amigo de construtores, teria apresentado projeto de lei visando o aumento do gabarito da construção civil na Cidade Velha. Dali para o Jurunas e Guamá, é só seguir Dr. Malcher e bater na Estrada Nova.
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