Morreu, na última segunda-feira, o jurista baiano José Joaquim Calmon de Passos. J.J., como era mais conhecido, foi professor de várias gerações, que estudaram nas páginas de seus livros de Direito Processual Civil.
Conheci Calmon de Passos pessoalmente, há muitos anos, no escritório Silveira, Athias quando lá trabalhei. Amigo de alguns dos sócios, o professor Jotinha, como o chamavam, compareceu para uma visita de cortesia, de passagem por Belém. Era, além de um emérito jurista, um homem afável e simpático.
Foi um mestre de vários amantes do Direito que se foi; era uma verdadeira lenda viva. Viveu uma vida profícua e respeitável, partindo aos 88 anos de idade.
5 comentários:
Tive o prazer de assistir a duas palestras dele, ambas excelentes. Nunca me esquecerei da advertência que fez sobre decisões do tipo "Não vislumbro o perigo da demora e por isso denego a liminar". A decisão não tem fundamentação alguma, já que o juiz não informa por que não vê perigo algum. Grande figura!
Ocorreu, inclusive, de ele comentar que já visitara várias cidades, mas só aqui em Belém fora assaltado: um batedor de carteira levou a dele naquele golpe do esbarrão, enquanto o mestre caminhava pela Presidente Vargas. Foi um constrangimento geral no auditório. Mas acredito que J.J., apesar de sua bonomia, queria mesmo causar essa impressão. Tudo bem, estava no seu direito.
Que vá em paz e outros sigam o seu legado.
Amigo,
J.J. Calmon de Passos era de uma espécie de juristas que não se fabrica mais: a dos verdadeiros humanistas.
Hoje em dia, a formação tecnicista dos profissionais da área impede que se formem juristas nas academias - hoje temos, na maioria das vezes, verdadeiros "operadores", em lugar de "cultores" do direito (daí porque odeio a primeira expressão!).
O maior exemplo, para mim, da distinção entre os conceitos está no público formado pelas faculdades atuais: é o mesmo que freqüenta os cursinhos preparatórios de concursos públicos e do exame da Ordem, com professores repletos de "macetes", como se fossem de cursinhos pré-vestibular. Vão ser simples "operadores"; Ciência Jurídica (na verdadeira acepção da palavra) que é bom, necas.
Tu, como professor, tens a grande responsabilidade de apontar para as gerações futuras um rumo de formação diverso daquele que descrevi. O bom é que tu (como, de resto, outros queridos amigos professores) és extremamente confiável para este papel.
Abração.
Calmon de Passos foi membro do Conselho do Desenvolvimento Social da Presidência da República - o Conselhão. Seu falecimento será objeto de homenagem no próximo pleno.
Homenagem certamente merecida, Itajaí.
Abração.
Rapaz, apesar do elogio, um comentário como esse sempre impõe uma responsabilidade assustadora, da qual estou consciente. Por isso mesmo, me-do.
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