Não há nada que, de tão ruim, não possa piorar. Esse é o temor em relação à crise mundial.
A extraordinária falta de controle das operações financeiras gerou um monstro – o subprime, carteiras de contratos hipotecários de alto risco. No rastro do subprime, um dragão que poderá ser maior: os CDS, ou “credit default swap”.
Trata-se de uma espécie de seguro para operações de crédito. Se o Banco A tivesse dúvidas sobre a capacidade de pagamento da Empresa B, contratava junto ao Banco D, um seguro, Pagava um prêmio. Se não houvesse inadimplência, o Banco D ficaria com o prêmio. Se houvesse, o Banco D se comprometeria a pagar a diferença entre o valor contratado e o recebido.
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Esse modelo de operação disseminou-se nos últimos anos, período em que a inadimplência mundial foi baixíssima. E, aparentemente, estendeu-se até a operações de derivativos. Ou seja, o banco se segurava não apenas dos empréstimos convencionais, mas dos jogos de seu cliente no mercado de derivativos.
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Não se trata de pouca coisa. Tome-se o caso Lehman Brothers.
Segundo o Guia Financeiro da Agência Dinheiro Vivo, “basicamente, o CDS permite aos bancos darem garantias sobre um fluxo de pagamentos. Por exemplo: uma companhia pede empréstimo para um banco, que concede o crédito e parcela os pagamentos. Como nenhum empréstimo é realmente seguro, o banco deve apresentar uma provisão para devedores duvidosos em seu balanço financeiro. Entretanto, instituições como o Lehman Brothers vendiam um seguro (o CDS) para tais recebimentos. Caso a empresa não honrasse seu compromisso, o banco o faria. Para isso, cobrava um determinado percentual da dívida ao ano (0,05%). Isso era bom para o banco credor, que poderia considerar o empréstimo totalmente seguro e também para a instituição que vendia o seguro, porque a empresa não deixaria de honrar o compromisso e ele ganha com a operação”.
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O Lehman quebrou, deixando dívidas no valor de US$ 128 bilhões. Supondo que os créditos podres sejam vendidos por 10% do valor de face, significa que US$ 115,2 bilhões terão que ser cobertos pelos CDS.
Não apenas isso.
De acordo com dados divulgados pela IDSA (International Swaps and Derivatives Association), o montante de créditos derivativos liquidados no primeiro semestre do ano atingiu US$ 62,2 trilhões, sendo que houve um crescimento em termos anuais de 20%. Neste caso, o levantamento considera como derivativos de crédito os CDS (credit default swaps) referenciados por nomes, índices, cestas e portfólios.
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Por enquanto, o mercado está sustentando os CDS. Se rrsolver quitá-los, haverá um enorme terremoto. Bancos e fundos terão que vender ativos para fazer frente aos compromissos. E, aí, haverá mais uma leva de queda nas bolsas internacionais.
Fique atento ao tema, porque deverá começar a ocupar o noticiário daqui em diante.
Que me perdoem o termo, mas em português castiço significa dizer que pouca merda é bobagem.
3 comentários:
Luis Nassif diz: "nada é tão ruim que não possa piorar". É um otimista! Vcs sabem a diferença entre o pessimista e o otimista? O pessimista acha que tá tudo muito ruim, péssimo mesmo. O otimista acha que ainda pode piorar.
Beto Carepa
Boa noite, Francisco:
sua tradução é melhor do que a explicação.
Abração.
Pois é, Beto. A esta altura do campeonato, Nassif pode mesmo ser considerado um otimista.
Obrigado, Bia. É a visão de um cara comum sobre um problema que afeta a todos nós.
Abraços a ambos.
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