Para quem está imerso em literatura "séria", e cujo inconsciente revela obscuros desejos de ler algo mais "light", precisamente naqueles minutos antes do sono dominar a vigília, a editora Pixel acaba de lançar o produto apropriado: uma nova edição de Sandman.
Confesso que o personagem-título da famosa criação de Neil Gaiman nunca havia me despertado significativo interesse, apesar de ser costumeiramente mencionado como um clássico dos quadrinhos, e de ser um enorme sucesso, tanto na Europa, quanto na América.
Porém, ao ouvir a música "Enter Sandman", do grupo Metallica, há poucos dias, resolvi adquirir o primeiro de uma coleção de 17 volumes, chamado Prelúdios & Noturnos.
A belíssima edição gráfica é apenas uma isca para conduzir o leitor a um mundo obscuro e encantado, de sonhos e pesadelos, o mundo do Senhor dos Sonhos. Gailman se utiliza generosamente de mitos modernos e do passado, agregando também personagens de outras séries (como Hellblazer, Swampthing e The Witching Hour).
Há muitas referências à cultura pop, a mitologias escandinava, persa, grega e romana, assim como à poesia e ao teatro.
A ação atemporal, flanando entre o limbo tênue da realidade e dos sonhos, me conquistou, definitivamente.
Tenho dormido com um verso de T. S. Eliot, de "A Terra Devastada", martelando meus neurônios, desde que o Sandman entrou por debaixo do meu mundo racional: "I will show you fear in a handul of dust".
Abram as comportas...
3 comentários:
Sobre o Sandman, existe um verbete na Wikipedia em inglês, que pode bem servir como introdução.
http://en.wikipedia.org/wiki/Sandman_(Vertigo)
Abs
Beleza de 1a postagem, Scylla.
Já tive oportunidade de falar aqui que minha mulher é fã de carteirinha das graphic novels do Neil Gaiman - a quem, equivocadamente, chamei de "Norman Gail" - e, em especial, do Sandman (http://blogflanar.blogspot.com/2008/05/maus.html#comments).
Tendo conhecido os quadrinhos através dela, passei também a gostar muito e a recomendar a quem quer que tenha vontade de ingressar no universo das HQs.
Recentemente, li "Um contrato com Deus", GN sensacional do hoje clássico Will Eisner e me convenci que as histórias em quadrinhos podem inclusive ser reconhecidas como uma bela expressão literária.
Abraço.
Caros do Flanar,
Felizmente o ritmo das traduções desse tipo de HQ para o português tem aumentado! Assim, um público maior pode descobrir um mundo muito além dos Walt Disney da vida.
E, mesmo essas publicações sendo ainda caras - mas livro entre nós é absurdamente caro! -, é impressionante o número de jovens que a gente vê lotar os "stands" da Feira do Livro se deliciando com essas "novelas gráficas".
Se não me engano, o MEC incluiu em sua lista de aquisições para as salas de leitura das escolas públicas, um ou mais volumes do mestre Will Eisner.
Maus (Art Spiegelman), uma das minhas maiores paixões, deveria estar presente nas prateleiras de todas as salas de leitura nas escolas ou nas dos centros culturais públicos!
Muita coisa boa, recente, já está aportando entre nós: vocês conhecem a Aurélia Aurita?
Abs, Rz
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