quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

"Componente cultural", é?

Segundo reportagem publicada hoje em O Liberal, Belém é a quinta cidade mais cara do país no quesito aluguel de imóveis. Perde apenas para Curitiba, Vitória, São Paulo e Brasília, esta a campeã. É óbvio que as capitais política e econômica do país deveriam estar nas primeiras posições. A indecência está nos preços praticados nesta nossa Belém.
Citado na reportagem, Jaci Colares, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Pará, atribui a conjuntura a dois fatores. O primeiro seria a famigerada lei da oferta e da procura, que é calhorda, mas inevitável (decorrente do déficit de unidades habitacionais). O problema é o segundo motivo alegado, um tal "componente cultural", que significaria estar o belenense acostumado ao "mercado hipervalorizado" e por isso fecha contratos onerosos, se tiver como suportá-los.
"Componente cultural", cara pálida?! Desde quando ser feito de otário pode ser considerado cultural? Tudo bem que ele é do ramo e eu não, mas sempre pensei que as pessoas fecham esses contratos porque não têm escolha e que os valores contratados são determinados pelo mau-caratismo de proprietários (e de imobiliárias) oportunistas. Como ninguém vai para a rua podendo evitar, então cobram preços irreais, para tirar o máximo de proveito da necessidade alheia.
Na minha terra, o nome disso não é cultura. Se me perdoarem a má palavra, eu digo qual é.

3 comentários:

Anônimo disse...

Esse tal "componente cultural" é um grande mistério, isso sim.
Exploração total e irrestrita.
Eles, os "atores" dessa ciranda de exploração imobiliária não conseguem explicar por que em Fortaleza, cidade intensamente turística e certamente de maior poder aquisitivo do que Belém, os preços de imóveis (novos ou usados) são em média 30% menores do que em Belém.
Quem duvida, que olhe os classificados de lá, onde os anúncios contém (na maioria dos casos) o preço de venda (aqui neca neca).
Aqui, são feitos lançamentos de padrão elevados, caríssimos, e são vendidos.
Mistérios do nosso tal "comportamento cultural".

Yúdice Andrade disse...

Falou e disse, anônimo. Está na hora de colocarmos mais às claras os reais motivos dos preços praticados. Para mim, é safadeza pura e simples, porque não tem relação proporcional aos custos de construção. Passei três anos procurando uma casa para comprar e vi cada coisa que meu Deus do céu! E os preços?! Uma insanidade. Era pagar 200 mil para comprar e mais 100 mil para tornar o lugar habitável. Só se eu tivesse nascido burro, doido e hiperativo.

Anônimo disse...

Boa tarde, Caro Yúdice;

ma coisa que impressiona muito quem procura imóvel para alugar - e eu sou contumaz locatária...rsrsrs...- é o estado de abandono, quase destruição, com que os moradores deixam o imóvel quando saem. Deixam lixo, levam a pia do banheiro ou os bocais das lâmpadas, arrancam fechaduras, destroem interruptores.

Em São Paulo, ao alugar um imóvel, você deve deixá-lo exatamente como encontrou, e sempre que você aluga ele está em bom estado de conservação. E nem se atreva a pensar em deixar o imóvel sem cumprir essa exigência. Você não consegue. Só se for como fugitivo.

Penso que isso acaba explicando um pouco a exorbitãncia dos aluguéis aqui. Ao invés de exigir respeito recíproco - alugando um imóvel decentemente conservado e exigindo que lhe seja devolvido assim, por um preço justo - os proprietários parecem considerar que vão mesmo ter prejuízo e cobram isso em módicas prestações embutidas no aluguel.

E daí, quem tem por hábito conservar e manter o lugar onde mora - seja próprio ou alugado - se ferra. Simples assim.

Quanto ao valor de compra, não há justificativa. Em Belém, ocorre uma alucinaçãocoletiva que sobrevaloriza qualquer tugúrio, independent do estado de conservação e, muitas vezes, até da localização.

Quanto ao "componente cultural" lembro-me vagamente que isso tinha outro nome, tipo expoliação, lucro, ganãncia, coisa assim. Foi numa dessas palavras que você pensou?...rsrsrsrs..

Resumindo: você viu Santo Ambrósio por aí?

Abração. Beijinho pra Júlia.