sábado, 17 de janeiro de 2009

Abre-se a caixa preta

Designer: Dgeison



Calma gente! Não é nada relacionado à política, cada vez mais precisando de U.T.I.

Refiro-me as tendências do que considero por definição, uma pista Underground ― assim mesmo ― com “U” apontado para o céu.

Talvez uma meia dúzia de Dj´s hoje no Brasil podem saber pelo menos o que é isso?!
― Talvez uma dúzia seja um número razoável.

Nesse set, revelo alguns dos segredos que fizeram da Casa de Espetáculos La Cage, um lugar muito especial para muitos e, detestável, para a maioria. O fato é que o sucesso lá foi inegável e, quem viveu aqueles tempos, sabe muito bem do que falo.

Eram tempos de transição comportamental numa cidade, até hoje, essencialmente provinciana, em que suas elites torcem o nariz para o samba, o brega e o technopop!

―De cara vou falar logo que aprendi a dançar carimbo em Salinas com 8 anos e gosto de tudo.
Já os zinhos (as), detestam guitarradas, fogem como o diabo da cruz de qualquer coisa que soprem nos seus ouvidos que não seja a porcaria que faz sucesso em São Paulo, Rio, BH e Porto Alegre.

― Coitadinhos dos cagões e cagoninhas...! Hehhehhe.

Olha só. Sem querer ofender ninguém ― já que tirei a lasquinha dos caretas e os muito caretas ― que adoram, por sua própria natureza um carro turbinado, um som de bordel em cidade sem luz!!! É vida. Fazer o que...

Dedico esse set nostálgico com coisas que a maioria que tiver saco de ler e ouvir esse post, aos meus queridos amigos e amigas que frequentaram (sem trema, that´s right?!) o La Cage.

Ao outro lado, se é que realmente existe essa separação, pois acredito que tudo na vida é uma questão de oportunidade. Ouvirão, aqui, pela primeira vez em suas vidas, o som de bandas como: Propellerheads, com “ Velvet Pants”, quando os roteiristas, diretores e produtores Larry e Andy Wachowski, responsáveis pela instigante trilogia “Matrix”, ainda eram apenas bebês de fralda e eu já arrebentava a porta com rascunhos do que seria um movimento que tomaria o lugar da era “Disco”, objeto de post anterior aqui no Flanar.

Calma rapazes e mocinhas, ainda têm mais.

Dreadzone na impagável (Capitan Dread). Um pouco depois. No ano 2000, teve início as festas “raves” que, posteriormente, dominaram a cena.

A música seminal dessa fase inicial é: "Alter Ring” - dos Infinitely Gentle Blows em versão de Scott Hardkiss, batizada de' Arual Hallucination Mix’. Chic o som. Aliás, o Dj inglês John Digweed, faz uma aparição bem legal nesse filme para compor o roteiro daqueles tempos loucos. O nome original do filme em inglês é: Groove. Traduzido aqui como: Festa Rave. Arghhh! Esgotado e só encontrado, pelo que sei, em sebos.

Voltando ao que interessa mesmo. Eram tempos de Transglobal Underground, Sister of Mercy, P.I.L., The Cure, Siouxsie and The Banshees, The Smiths, Talking Heads, Genesis, Bette Davis And The Balconettes ― com forte vies old school punk e os pós punks do The Cure, Happy Mondays, The Stone Roses, Stereolab & Nurse With Wound, com a sensational “Simple Headphone”: adoro!!!

Beastie Boys (The Sounds Of Science), Public Enemy (Terminator X To The Edge Of Panic), uma antevisão do 11 de setembro que viria muito depois; Klaxons (Gravity's Rainbow, em versão do Soulwax - Remix). E quem disse que garotas não sabem fazer rock da melhor qualidade? A resposta está com L7 em “Pretend That We're Dead”. Camon, camon...camon.

Naquele lugar mágico tocava tudo, do velho ao novo. Como por exemplo: Fool in the Rain, do Led Zepplin e aí, cumpadre e comadres, era delírio total !!!

Jamais vou me esquecer do Maurity ― querido amigo ― se acabando de dançar. Hoje é um dos maiores e mais badalados maquiadores do mundo!

A primeira parte do set é essencialmente La Cage. A Segunda e terceira essencialmente o espírito da extinta casa, e de seu DJ. Of course! Enjoy now!!

P.S.: Nada do que foi selecionado, passa por ontem. Tudo é amanhã. Porque ontem como hoje, sob o ponto de vista musical, o que me interessa é a transgressão da música inovadora e bem tocada. Em resumo: rock and roll de qualidade feito em garagem e agora, com muito sampler e tecnologia.

Falando claro: cortei o preconceito de muita gente quando tinha 16 anos. Imagina agora??!
Aumentem o som ao máximo ― no headphones, de modo a vocês não serem denunciados à polícia por perturbação da ordem pública ―e, por favor, saiam dessa poltrona….. Heheheheheh! E vão curtir a vida, esse veio de luz curtinho... curtinho que Deus apenas nos concedeu.

>> Primeiro Set <<
Começando a festa.

1. Genesis – Mama
2. Enya & Enigma - Delerium - Flowers Become Screens
3. Transglobal Underground - Taal Zaman
4. Happy Mondays - Dennis and Lois
5. Happy Mondays – Kinko Afro
6. Infinitely Gentle Blows - Alter Ring (Scott Hardkiss - Arual Hallucination Mix)
7. The Chemical Brothers – Chico´s Groove
8. Beastie Boys - The Sounds Of Science
9. Public Enemy - Terminator X To The Edge Of Panic
10. P.I.L. - (This Is Not A) Love Song [Live]
11. Sister of Mercy - Marian (Version)
12. INXS - This Time
13. The Cure - Inbetween Days
14. The Smiths - William, It Was Really Nothing
15. The Verve – All in The Mind
16. The Prodigy – Smack My Bitch Up

>> Segundo Set <<
All That Show

1. The Smiths - The Boy With A Thorn In His Side (Live and exclusive)
2. Inspiral Carpets - Saturn 5
3. Klaxons - Gravity's Rainbow (Soulwax Remix)
4. Rihanna –Shut up and Drive (Wideboys Remix)
5. L 7 – Pretend We´re Dead
6. Groove Armada - I See You Baby (Fat Boy Slim Remix) – Absolutamente alucinógina, yeah! Se puderem vejam o clipe. É demais!
7. Propellerheads - Velvet Pants
8. Throwing Muses - Bright Yellow Gun

>> Terceiro Set <<
Eden

1. New Order Special – By Dj Vamp, que vem a ser o deglas de amorim aqui! Hehhehehe.

Referências.

http://guia.folha.com.br/cinema/ult10044u399800.shtml
http://pt.wikipedia.org/wiki/Underground
http://www.johndigweed.com/
http://www.cinemaniaweb.com/filmes/filme-12062.html

P.S.2 Tardio: Essa madrugada de trabalho vai de coração e maneira especial para o Scylla e o Carlos. Fãs desse capítulo do Flanar.

Ah! Só para constar: tudo é mixado sem pré-escuta! É no ouvido mesmo.

8 comentários:

Anônimo disse...

Estou escutando... muito bom... bons tempos de "La Cage", "Studio A" e etc..

Nunca mais tinha escutado "Mama" e seu inconfundível e "rememoriante" rárá... ráá... rárá... ráá!

Carlos Barretto  disse...

Obrigado, amigo!
Já baixei os 128 mbytes de puro delírio, daqui mesmo do hospital onde estou de plantão.
Tudo pelo Tim Web, ainda arrastando-se em EDGE.
Foram 4 horas de download!
Mas valeu cada segundo!
SENSACIONAL!

Francisco Rocha Junior disse...

Égua da sequência, Val! Do cara... Só faltou, vou te dizer, The Jesus and The Mary Chains e The Church. Mas estes, eu incluo numa destas sextas-feiras, pra matar de saudades os saudosistas.
Repito o Carlinhos: SENSACIONAL!

Scylla Lage Neto disse...

Val, gostei muito da sequência, especialmente do L7, minha banda feminina favorita. Obrigado pela madrugada de trabalho!
You`re a musical monster (no melhor sentido)!
Abrs.

Val-André Mutran  disse...

Ficamos combinados assim: farei um 2.o volume com o mesmo objetivo.
Abre-se alas direto com The Jesus And Mary Chain - Psychocandy (1985), seguidos de The Velvet Underground & Nico, Transformer com o mestre poeta Lou Reed, Tom Verlaine - The Miller's Tale - A Tom Verlaine Anthology, um sonzaço! E coisas pesadonas que gosto.
Vamos mapear o underground, a partir de 1968, estamos combinados?
Scylla estive o sábado inteiro fora de Brasília visitando uma propriedade de um amigo.
Te ligo amanhã cedo (domingo, 17, para combinarmos algo, fazermos a nossa foto e matarmos de inveja os flanares, hehehhe! Tente contatar o Itajaí, que será, portanto, o único flanar a participar das duas bandas, a de lá e a de cá, beleza!?

Val-André Mutran  disse...

Que tal Lafayette? Está saindo daqui há pouco do forno o Vol.2.
Abs e bom domingo a todos.

Scylla Lage Neto disse...

Val, mandei um e-mail para o Itajaí, ainda sem resposta.
Um abraço.

Anônimo disse...

Grande "La Cage", quantas e quantas vezes dançava-se com as paredes. Obrigatoriamente, na saída, um banho no chafariz que ficava perto da entrada. E a famosa cuba-libre que feita pelo barmen Teo, te deixava alucinado (no bom sentido) por toda noite (sei lá qual era a receita e hoje nem quero saber), mas sem exageros ou brigas.
Foi o começo da liberação das garotas da época. Viamos de tudo um pouco lá, foi muito bom enquanto durou.