Berzoini e Valter Pomar entraram com os cascos na questão da guerra árabe-israelense quando adjetivaram de nazista o estado israelense. Ademais esquerdismo nesse assunto, além de deplorável, é absolutamente incompatível com a idade dos dois autores da nota do Partido dos Trabalhadores. Falaram burrice de si e apenas por si, não sendo o caso de aliviar o pastelão como exemplo do quanto temos o inferno cheio por boas intenções.
Como não poderia deixar de ser em situações como essas, seguida a divulgação da aludida nota, não tardaram surgir registros de posições inteligentes na crítica a um conflito que arrisca mais que o umbigo xifópago da duplinha Berzoini e Pomar. Listo-as a seguir para apreciação dos leitores deste blogue:
Deputado Adão Vilaverde (PT/RS): Carta à Federação Israelita do RGS
Deputado Carlos Bordalo (PT/PA): Por uma Palestina sem Mártires
Bernardo Sorj (Professor de Sociologia da UFRJ): Intolerância e Ódio
César Benjamin: Israel Depois do Massacre
Houve, é preciso destacar também, nota do PSDB assinada pelo seu presidente nacional, Senador Sérgio Guerra, imbuída do espírito de chamar os povos beligerantes a superar as razões do conflito e pavimentar a paz. Contudo, importantes reparos devem ser feitos a duas afirmações da manifestação tucana:
A Primeira delas, a assertiva nenhum povo tem o monopólio da moral, inspirada na mesma vala comum da desinteligência berzoini-pomarista: A afirmação é ética e sociologicamente involutiva. A partir dela podemos concluir que se ninguém tem o monopólio da moral, se todos somos de algum modo amorais, eu posso me permitir ser amoral em algum momento de minha conduta, como cidadão, como governo e como estado. E depois que me consertem!
A Segunda: Nosso país, através de seu governo, precisa contribuir para esse esforço de construção da paz, evitando tomar partido por um dos lados do conflito. Claro está que no atacado a conclusão da nota pessedebista é acertada. Contudo o varejo da atuação tucana fica muito aquém, pois na prática o governo de Fernando Henrique Cardoso e o PSDB muito pouco fizeram em termos de política externa para construir um melhor entendimento árabe-israelense, a despeito de todo o apoio que a ruidosa parcela reacionária da comunidade judaica paulista deu e dá a ele e sua entourage de Higienópolis. Hoje, ao contrário do falseado, o Ministério das Relações Exteriores do governo Lula tem estreitado as relações bilaterais entre o Brasil e Israel, com saldo positivo acima de qualquer dúvida ou da safadeza com que a cabroeira antes citada e não citada se encarrega de turvar águas tão difíceis de serem navegadas.
Para exemplificar: entre 2003 e 2008 tivemos nove visitas de autoridades federais brasileiras à Israel, das quais 7 foram de ministros. Do lado israelense nada mais nada menos que 11 autoridades nacionais nos visitaram. Em termos comparativos: No governo FHC, apenas dois ministros brasileiros visitaram Israel: José Serra (Saúde) e Renan Calheiros (Justiça), enquanto os visitantes israelenses ficaram limitados ao ministro da Indústria e do Comércio e a um diretor de chancelaria. Se por fim considerarmos o campo estritamente diplomático, o desmerecimento da atuação tucana é ainda maior quando comparada ao governo Lula, que de 2005 a 2008 celebrou 4 consultas políticas e igual número de acordos com Israel. Sem contar que em termos de comércio Brasil-Israel, saltamos de um volume anual de 505,9 milhões de dóláres em 2003 para mais de 1,5 bilhão de dólares até novembro de 2008 em preços FOB.
2 comentários:
Dar o nome aos bois virou desinteligência, do ponto de vista dos inteligentes, é claro. Independente dos cuidados necessários às agremiações políticas no trato das questões internacionais, do rpovável deslize linguístico dos signatários da nota, a ação de Israel sobre a Palestina configura, sim, uma ação nazista e não é de agora. A Faixa de Gaza é ela própria o modelo mais escancarado dos campos de concentração criados por Hitler.
Do ponto de vista do blogueiro, os palestinos merecem sem dúvida o que estão padecendo e a única coia a fazer, como as inúteis e quase alegres passeatas pela paz, é fazer como Bento XVI, orar pela paz e pela compreensão entre os povos. Que, para Israel vai de fato existir quando tiver riscado a Palestina do mapa. Mas, quando isso acontecer, no desejo do blogueiro, os brasileiros pelo menos teremos nos posicionado com isenção e fidalguia.
A ideologia de Adolf Hitler pode ser resumida numa frase: destruição total de todas as culturas que não sejam consideradas digna de vida por essa ideologia totalitária. Desconheço existir essa diretriz no estado israelense, ainda que o possamos considerar um estado conduzido por um governo de direita e surdo a qualquer apelo de paz.
Dizem que aqueles que combatem monstros, devem ter cuidado para no processo não se tornarem neles. Acho essa afirmação genial e de grande utilidade prática. Não é outro o risco que correm aqueles que para agredir moralmente Israel o acusam de ser um estado nazista. Mentira nunca gerou boa conseqüência.Há que ter, portanto, muito cuidado nesse esforço chacrinhiano de tentar confundir para explicar. Se é necessario uma palavra para resumir, ela existe e se chama barbárie.
Os EUA, por exemplo, "assaram" uma cidade alemã inteira com bombas incendiárias na Segunda Guerra Mundial, massacraram os civis vietnamitas e torturaram e humilharam prisioneiros iraqueanos; a URSS fuzilou toda a oficialidade poloneza quando ocupou o território e pos a culpa na criminosa SS alemã (caso só esclarecido na era Gorbatchov), contudo isto não nos permite classificar a extinta URSS e os EUA como nazistas. Nem nós, brasileiros, podemos ser assim vistos quando quase dizimamos nossos indígenas e aqui tivemos nossa Faixa de Gaza: Canudos, que bombardeamos sem cessar até restar só três combatentes entricheirados (um velho, uma criança e um adulto). E não satisfeitos, durante as campanhas de extermínio a Canudos, executamos prisioneiros e os decapitamos; capturamos seus filhos que distribuímos para serem criados por famílias "civilizadas", negando-lhes até mesmo o conhecimento da história de suas famílias. E tudo isso na República, há cem anos. Pouco tempo, não? A esses infelizes nordestinos de Canudos demos a morte, a alcunha de fanáticos e os expatriamos dentro da própria Pátria. Aos soldados vencedores legamos a favela, algumas condecorações e terra para construírem suas casas. Pense nisso quando estiver transitando pelo bairro de Canudos, em Belém, pois ele se constituiu com base nessa tragédia nacional.
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