O ex-diretor do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, Miguel Wanzeler, prestou depoimento nesta quarta-feira (18), no Ministério Público do Estado. Durante o esclarecimento, ele apresentou cópias de 40 laudos do IML (Instituto Médico Legal) de acidentes, crimes de estupro, tortura e execução, entre outros, nos quais afirma conter indícios de irregularidades.
Para o esclarecimento de um crime são solicitadas a necropsia do corpo da vítima e o levantamento do local. Wanzeler afirmou que em alguns dos crimes a polícia não solicitou o levantamento do local, elemento primordial para saber as circunstâncias em que o fato ocorreu, dificultando as investigações e, consequentemente, influenciando no julgamento dos culpados.
'Ele disse que agentes da polícia estariam omitindo informações na apuração de crimes, principalmente quando eles envolvem policiais e sociedade civil. São denúncias graves, que envolvem tortura, execução e que serão apuradas para que os responsáveis sejam devidamente responsabilizados', afirmou o promotor de justiça do MPE Audir Viana, que acompanhou o depoimento.
Wanzeler também falou sobre um suposto interesse da Polícia Civil em tentar intervir no desenvolvimento do programa 'Laudo on-line', do IML, onde qualquer pessoa pode ter acesso, em tempo real, aos laudos e também fazer solicitação dos mesmos, que são emitidos com certificação digital. 'Ele afirmou que a Polícia Civil quer continuar com o velho modelo de emissão de laudos, no qual as informações sobre os casos passariam primeiramente nas suas mãos para depois ser encaminhado ao Ministério Público. Esse método, segundo Wanzeler, seria suscetível a adulterações', explicou o promotor.
A análise das cópias dos laudos apresentados por Wanzeler deve ser concluída em no máximo uma semana. 'Já abrimos inquérito para investigar o caso.Vamos verificar se realmente houve omissões ou falhas de natureza técnica ou pessoal nos laudos. Só depois dessa primeira análise é que vamos dar o próximo passo para as investigações e chegar até os responséveis pelos possíveis crimes', acrescenta Viana.
No dia 3 de março, Wanzeler deve ser ouvido pela Comissão Permanente de Segurança Pública da Assembléia Legislativa do Pará, para prestar esclarecimentos sobre denúncias formuladas por ele e veiculadas pela imprensa local. Segundo Wanzeler, laudos emitidos pelo instituto estariam sendo adulterados para proteger o Sistema de Segurança Pública do Estado.
A convocação do ex-diretor do CPC pela Assembléia Legislativa. atende requerimento formulado pelo líder do PPS, deputado Arnaldo Jordy. 'As denúncias são graves e insinuam procedimentos escusos realizados por agentes públicos e necessitam de esclarecimentos e providências deste poder', justificou o deputado Cássio Andrade.
O problema não é falar. É comprovar. E mais que isto: é esperar que as autoridades competentes dêem seguimento ao que interessa.
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