sexta-feira, 6 de março de 2009

Ponha Crise Nisso

Em geral não temos a noção de nossa fragilidade na vida moderna, mas ela existe e se apresenta de forma não poucas vezes incontornável frente a superioridade da vida social, aqui entendida como a integralidade da relações estabelecidas numa sociedade.
Imaginem vocês, por exemplo, acordarmos cidadãos comuns num dia comum, saírmos para o trabalho e ao tentar usar o cartão de crédito termos a notícia de que é inválido porque todos os cartões de crédito do país foram invalidados a partir da meia-noite, porque simplesmente o país quebrou. Ou de que reluzentes carros BMW e Land Rover estacionavam no que em geral seria um sopão governamemtal dos pobres para que seus donos pudessem se alimentar. Não, não é ficção: aconteceu recentemente na Finlândia no atual transcurso da crise do capitalismo mundial.
Ou que tal experimentar esta realidade inquietante, que nem o Dr. Strangelove sonhou: a Rússia e todo o leste europeu, alguns deles países-potências nucleares, depois de terem falido politica e economicamente como URSS nos anos 80 do século XX, menos de 30 anos depois falhem de novo com a atual crise econômica, frente a uma União Européia titubeante?
Se não serve de consolo saber que Moscou torrou 50% de suas reservas econômicas em seis meses para se manter de pé, certamente ler a canalhice do The Economist - um dos arautos do neoliberalismo - nos deixa nauseados por constatarmos o quanto eles continuam nos olhando como colônia, e principalmente como confessam nas entrelinhas a incompetência do modelo neoliberal, mesmo quando rejeitam o alegado caráter indolente e retrógrado de nossa economia recalcitrante às investidas privatistas dos governos PSDB-DEM, para vencer o que de varguismo havia no ideário econômico nacionalista.
Por outro lado, não menos amargo é saber que a China trabalha com a possibilidade da migração de um contingente de 200 milhões do campo para os centros urbanos, caso se constitua o pior cenário da crise para aquele país do extremo Oriente. Grave é ouvirmos que diante do risco que representa esse cenário migratório, não hesitarão de usar do chamado plano zero, desenhado nos anos 80 para enfrentar desobediência civil em condição contra-revolucionária. Significa entender, ao proceder a informação, que o alegado shift econômico chinês não passa de um movimento tático para quem entende dessas mumunhas do marxismo-leninismo.
Mas frente a todos esses off records de permeio ao artigo da revista inglesa de economia, menos grave foi ouvir de economistas ortodoxos que em crise doravante todos são keynesianos. Por suposto pragmático concluo eu, depois de chegar do excelente Simpósio Internacional de Desenvolvimento do Conselho de Desenvolvimento Social da Presidência da República: aqui.

2 comentários:

Carlos Barretto  disse...

Mas que ótimo post, Itajaí.
Vc em sua melhor forma.
Abs

Anônimo disse...

Bela retórica também, no sentido positivo é claro.