I. De manhã, quando tomava café, fui chamado atenção para duas notícias na Folha de São Paulo. Ambas indicavam a sinuosidade com que o jornal tem tratado Dilma Roussef. A primeira se referia a notícia de semanas anteriores, em que o jornal confessava ter estampado um dossiê da ditadura militar sobre a ministra chefe da Casa Civil, transmitido por email e o publicara sem checar se era fidedigno ou não. O jornal fez que pediu desculpas, mas de fato não as pediu, apesar de autoridade policial daquele tempo, consultada para a elaboração da notícia, praticamente dizer que o tal prontuário encaminhado a Folha era tão original quanto uma nota de 3 reais.
A segunda notícia contudo foi pior, pois fora concebida com maior maldade. Sem consultar a interessada, o jornal disse que Dilma Roussef havia implantado no corpo um catéter com apenas duas possibilidades de uso: ou em câncer, ou para tratamento de infecções. Ali estava estampado algo pútrido, pois no mínimo o jornal usara uma fonte que violara segredo protegido por ética profissional, sujando em definitivo a lisura da notícia. Daí porque construíram o que foi publicado com a sinuosidade habitual dos répteis.
Ainda que fosse disse-me-disse, jornalista honesto checaria com Dilma a veracidade do assunto antes de publicar. Faria como fez minha amiga Sônia Dunshee de Abranches que, numa coletiva com um presidente Collor visilmente muito emagrecido, perguntou a ele o que as ruas falavam: Presidente, o senhor perdeu rapidamente peso nos últimos três meses. O senhor está usando cocaína, como falam nos quatro cantos do país? E o presidente Collor teve a chance de responder, referindo a perda como decorrente de uma dieta que vinha fazendo.
II. Mas as matérias de hoje apenas representam a entrada do que doravante nos será servido. Nos dias que virão blogues, rádios, tvs e jornais alinhados com a candidatura do grão-tucanato paulista produzirão notícias dúbias e comparações indevidas no intuito de plantar na sociedade dúvidas quanto a condição da candidata virtual de Lula para disputar uma campanha e, eleita, conduzir e concluir seu mandato. É um enredo mais que possível; pelo ânimo e o caráter do adversário é real.
Daí que Dilma Roussef tomou a decisão certa. Ao invés de se deixar encurralar, convocou uma coletiva acompanhada de seus médicos e informou ao país que se submeterá à quatro sessões de quimioterapia para tratamento de um gânglio linfático, diagnósticado na axila como câncer do tipo linfoma. O problema fora descoberto ao acaso semanas antes, durante uma consulta cardiológica. Por ter sido um achado precoce e localizado, as chances de sucesso na cura do problema alcançam 90% , conforme informou a equipe médica responsável, considerada entre as melhores do país. Que a ministra chefe continue tratando do assunto às claras, afinal o pior veneno para um vampiro, todos sabemos, é a luz.
A segunda notícia contudo foi pior, pois fora concebida com maior maldade. Sem consultar a interessada, o jornal disse que Dilma Roussef havia implantado no corpo um catéter com apenas duas possibilidades de uso: ou em câncer, ou para tratamento de infecções. Ali estava estampado algo pútrido, pois no mínimo o jornal usara uma fonte que violara segredo protegido por ética profissional, sujando em definitivo a lisura da notícia. Daí porque construíram o que foi publicado com a sinuosidade habitual dos répteis.
Ainda que fosse disse-me-disse, jornalista honesto checaria com Dilma a veracidade do assunto antes de publicar. Faria como fez minha amiga Sônia Dunshee de Abranches que, numa coletiva com um presidente Collor visilmente muito emagrecido, perguntou a ele o que as ruas falavam: Presidente, o senhor perdeu rapidamente peso nos últimos três meses. O senhor está usando cocaína, como falam nos quatro cantos do país? E o presidente Collor teve a chance de responder, referindo a perda como decorrente de uma dieta que vinha fazendo.
II. Mas as matérias de hoje apenas representam a entrada do que doravante nos será servido. Nos dias que virão blogues, rádios, tvs e jornais alinhados com a candidatura do grão-tucanato paulista produzirão notícias dúbias e comparações indevidas no intuito de plantar na sociedade dúvidas quanto a condição da candidata virtual de Lula para disputar uma campanha e, eleita, conduzir e concluir seu mandato. É um enredo mais que possível; pelo ânimo e o caráter do adversário é real.
Daí que Dilma Roussef tomou a decisão certa. Ao invés de se deixar encurralar, convocou uma coletiva acompanhada de seus médicos e informou ao país que se submeterá à quatro sessões de quimioterapia para tratamento de um gânglio linfático, diagnósticado na axila como câncer do tipo linfoma. O problema fora descoberto ao acaso semanas antes, durante uma consulta cardiológica. Por ter sido um achado precoce e localizado, as chances de sucesso na cura do problema alcançam 90% , conforme informou a equipe médica responsável, considerada entre as melhores do país. Que a ministra chefe continue tratando do assunto às claras, afinal o pior veneno para um vampiro, todos sabemos, é a luz.
5 comentários:
Não sei, não... Do que jeito que anda a "campanha" pra essa "candidata" (feita com o dinheiro do povo, diga-se de passagem), não me espantaria se isso fosse apenas mais uma inserção na mídia pra mostrar a cara da "candidata", fazendo com que o povo tenha "peninha" dela... Mas eu posso estar errado, é claro!
Cleóson,
Não existe a menor justificativa para que Dilma usasse da manobra desesperada que você disse: a mentira, tendo como cúmplice uma equipe médica ilibada de um dos melhores hospitais do país e das Américas.
Argumentar a hipótese que você apresentou não é ter uma visão por demais conspiratória do mundo e das pessoas?
Seja mais realista e mais humano quando escrever (ainda que por hipótese) sobre a doença e o sofrimento alheio.
Caro Itajaí,
Penso que não me fiz entender como gostaria: eu acredito que a doença realmente existe, e que foi devidamente tratada. Não acredito que a equipe médica participaria de um embuste. Penso também que, como divulgado, as chances de cura estão acima de 90%, e que todos os procedimentos médicos necessários foram tomados de modo a preservar a saúde da ministra.
O que eu quis dizer é que esse episódio foi usado para divulgar a imagem da ministra na mídia. Talvez eu tenha exagerado na minha tese, mas creio que com a péssima (e bota péssima nisso) imagem que tenho de nossos políticos, somado ao costumeiro sensacionalismo da imprensa, eu tenha me deixado levar a pensar dessa maneira. Talvez eu tenha exagerado na dose.
Afinal, os políticos levam a sério quando se trata de sua própria saúde. Já quando se trata da saúde pública...
Cléoson,
A ministra só deu a entrevista coletiva depois que a Folha de São Paulo decidiu invadir a privacidade dela com uma notícia vazia, mas suficiente para iniciar uma caça ao que é que a Dilma tem e esconde.
Quanto aos políticos só levarem a sério a própria saúde, penso que falta um elemento primordial para a compreensão do problema: o povo deixa e até os reelege. Veja Belém, por exemplo.
Itajaí,
Dois "pontos" pra você: eu não sabia que a Folha tinha feito isso, então acho que cabe a coletiva que ela deu, e minha hipótese cai por terra.
Quanto a questão da saúde, concordo com você plenamente. Se fosse basquete, você teria feita uma cesta de 3 pontos! :-)
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