Para encerrar este feriado nacional de Tiradentes, deixo vocês com a poesia do paraense Paulo Plínio Abreu (1921-1959) que nos legou uma pequena obra de rara beleza. Felizmente não esquecida por zelo do filósofo Benedito Nunes.
Por que de estranhas terras eu te acompanho lua solitáriaE durmo ouvindo os teus passos de anjo pela noite
Quando os velhos desejos desaparecidos voltam à flor das ondas
E a noite do exílio levanta as suas árvores de sonho.
De um tempo imemorial eu acompanho as tuas viagens,
Tu que vestes os mortos com o que cai do coração dos vivos
Eu te acompanho pelo céu escuro
Sentindo como tua a vertigem da morte que anuncias.
Tu que de um tempo longo ergues teus olhos sobre o tempo
E apenas náufragos aportam a esse país estranho em que tu vives.
Ouço a tua voz cair no mar da madrugada
Para que o céu se deite sobre ti como um sepulcro
E as estrelas brilhem nesta noite escura como incêndios.
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