Prova de que o olhar do observador modifica o objeto está aí. Jornal paulista, por seu provedor de acesso à internete, fez a seguinte chamada inicial para a foto coletiva dos chefes de estado na reunião do G20, ocorrida em Londres: Lula posa para foto abaixo de Obama. Depois, decerto por chamada de atenção ao ridículo que protagonizava, corrigiu-se na base da meia-sola: Lula posa ao lado de Elisabeth II e abaixo de Obama. Menos mal. Pelo menos a gente acha graça de um jornal que não pretende ser ridículo - ele definitivamente o é.
4 comentários:
Itajaí,
Tá nos site - Obama, em conversa com outro político na reunião do G20, vê Lula, aponta-o e diz - Esse é o cara! Adoro esse cara! É o politico mais popular da terra!
Tú, que és um observador da cena política pelos jornais , que achas disso?
Não discordo, nem duvido. Basta que olhemos o mundo em blocos políticos. Entre os mais ricos quem foi líder nos últimos anos - Bush? Gordon Brown? Sarkosi? Não tiveram quem pudesse dizer-se líder no cenário da política internacional.
Entre os pobres a situação é idêntica. Ninguém poria um vintém ou o resto de razão para dizer que Chavez, Ortega, Evo, ou sei lá quem, seriam líderes com voz mundial.
Quem hoje tem estatura para exercer voz de liderança sem dúvida é Lula. Gostem ou não os que o detestam. E não ganha por w.o. Ganha porque traz um discurso de conciliação, de chamada ao centro, num mundo poluído de mazelas em que as grandes potências tem todas as digitais impressas nas causas e nas conseqüências. Está claro que Lula reflete como a história brasileira construiu uma liderança de massas como ele, com sua história pessoal tão plena de riscos quanto de vitórias. De fato, Obama tem razão Lula é o cara. E age certo, porque precisa colar a imagem em alguém que tenha imagem política positiva, longe portanto da era Tatcher, Bush pai, Bush jr e até do vacilante Bill Clinton.
Itajaí,
Eis outra visão acerca desse assunto. Vc ( pode? ) concorda ?
Do ex-prefeito do Rio, César Maia (DEM), em seu ex-blog
1. A preocupação do G-8, na reunião do G-20 de ontem, era como se comportaria Lula depois das declarações que fez nos EUA, no encontro com Obama, e com Gordon Brown, no Brasil. Terminar a reunião com Lula fazendo um discurso terceiromundista e emplacando nos países desenvolvidos a marca da crise, produziria manchetes e nublaria o resultado da reunião, cujo objetivo principal era reverter expectativas.
2. Obama se encarregou da tarefa. Junto a outros chefes de governo apontou para Lula, olhou para os repórteres e disse: “Esse é o cara”! Em seguida arrematou: “Lula é o político mais popular do mundo”. Lula engoliu a corda, como dizem os mineiros, e entrou na reunião exultante com os elogios.
3. Seu comportamento foi o esperado: completamente domesticado pela vaidade. No final, Lula deu uma coletiva à imprensa e disse: “Serei o primeiro presidente do Brasil a emprestar para o FMI. Não é chique emprestar ao FMI”? Estava completamente domesticado. Do ponto de vista econômico, muito mais grave que dever ao FMI é dar dinheiro ao FMI. Um repórter comentou em voz baixa a outro: “É o poodle do Obama”.
Convenhamos: Lula pode e deve ser criticado, mas ao menos merece o benefício de que o seja por aqueles dignos nesse ofício. Ao ler isto, fiquei com igual sensação de nojo que tive quando li uma entrevista de um conhecido narcotraficante brasileiro, que arvorava-se em fazer crítica às leis do país, a suas autoridades e às condições especiais em que cumpre a pena.
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