Alertado pela preocupação do nosso confrade Francisco com a nossa segurança, quando fôssemos visitar o Engenho Murutucu, resolvi me antecipar e fazer uma sondagem. Em síntese, queria saber se teríamos algum problema de acesso, seja de ordem oficial, seja por riscos a nossa integridade física.
Fui até o local e, lá chegando, deparei-me com uma porteira fechada com corrente e cadeado. Como a placa indicativa das ruínas fica de cara para a portaria da Ceasa, fui até lá. Um funcionário me disse que existem duas entradas, mas ambas estão bloqueadas porque tudo está abandonado. Recomendou-me que fosse à administração da Ceasa e pedisse informações na recepção. Foi o que fiz.
A recepcionista teve boa vontade e telefonou para alguém, fazendo a consulta. O retorno que me deu, confessando-se surpresa, foi que o IBAMA assumiu a responsabilidade pelas ruínas e eu teria que tratar com ele.
Voltei para casa e comecei uma batalha para conseguir encontrar o número do telefone do IBAMA. Procurando pela Internet, todos os números estão errados, exceto um. Este único, por ser o da telefonista, deu ocupado em várias tentativas. Quando consegui falar, expliquei o assunto e a telefonista, com aquele jeitão de servidora pública clichê, disse apenas "Momento..." e me transferiu. Falei com uma segunda pessoa e ela, após consultar alguém, disse que as reservas são de responsabilidade do Instituto Chico Mendes, sugerindo que eu ligasse para lá.
Após mais uma chateação para falar de novo com a telefonista, esta me forneceu o número, mas teve a gentileza de me transferir.
No Chico Mendes, atendeu-me um rapaz. Quando mencionei "ruínas do Murutucu", ele me perguntou: "E onde é que fica isso?"
Putz!, pensei. Hoje é o dia!
Para variar, o rapaz consultou alguém (repararam como nesta história todo mundo consultou alguém?) e me respondeu que as ruínas do Murutucu não correspondem a nenhuma reserva sob responsabilidade deles. Provavelmente, ela deve ser administrada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente. Ou talvez com o Patrimônio Histórico. Que eu me informe lá.
O fato é que eu não tenho tempo para mergulhar agora numa investigação sobre quem manda no abandonado Murutucu. Por isso, lamento informar que a visita está suspensa sine die. Na próxima semana, tentarei contato com a SEMA e sei lá com mais quantos me mandarão falar, para descobrir quem tem as chaves dos cadeados.
Tudo isto começou com a constatação de que algo estava ruim. Agora está bem pior.
10 comentários:
Quando eu ia ali, aquilo pertencia as matas da EMBRAPA, tanto que é na biblioteca desta instituição que eles tem o maior acervo sobre o engenho.
Esqueça o resto e o Ceasa, me admirei deles saberem algo no Ceasa, pois quando ia ali ninguém sequer tinha ouvido falar no Ceasa nem no Detran (que ficava ali) sobre o Engenho.
Acho que o caminho é Embrapa mesmo.
Quando ia não pedia autorização, mas era tudo devassado, sem cercas e portões.
Bem... Avise qualquer coisa.
Abraços
Está oficialmente iniciada no Flanar a novela "Quem manda no Murucututu?". Que esculhambação!
Mais alguns dados de almanaque sobre o Engenho.
A capela é de 1711 e é dedicada a Nsa da Conceição. Landi comprou o Engenho em 1766 e teria dado seu toque pessoal na capela. Após a morte de Landi o engenho passou para seu genro.
Em 1835 foi acampamento das tropas cabanas.
Em 1850 o Engenho foi visitado pelo americano John Esaias Warren que destacou que o mesmo já se encontrava em ruinas.
Esculhambação é o mínimo que se pode dizer, Itajaí.
As Ruinas do Murutucu são tombadas pelo IPHAN. Não sei de quem é a propriedade, mas de qualquer forma há necessidade de autorização desse órgão para acessar a área. Vou postar também no Marcos do Tempo.
Caro José Maria, muito obrigado por todas as informações que tem nos proporcionado. Tentarei com a EMBRAPA, sim, na primeira oportunidade.
Cláudia, obrigado por repercutir o caso. Acho que precisamos fazer barulho, sim. Quem sabe alguém consiga ser escutado? Se souber de algo, por favor avise.
Yúdice mexeu num vespeiro. É um craque.
As ruínas, alguns sabem de sua existência e poucos a viram.
As lentes da D-90 (Nikon) estão polidas e tinindo.
Quero fotografá-la quando me for possível.
Se o professor não entender como oportunismo político, ou, quem sabe, proselitismo. Levo o caso ao meu assessorado.
Os cadeados após o ofício, acharão as chaves como por encanto.
Estou autorizado professor?
Autorizadíssimo, Val. Nada melhor do que uma influência graúda para um caso desses. Afinal, eu não ninguém, não exerço nenhum cargo... Sou apenas um cara curioso querendo ver algo que está na minha cidade, de que sempre escutei falar e que nunca vi, embora possa - ou devesse poder.
Tudo o que pudermos fazer será bem vindo.
Amanhã redigo o ofício e o deputado retorna de Belém para protocolarmos nos órgão competentes.
Assim que houver retorno, darei notícias.
Você tem toda razão em querer conhecer o patrimônio de nossa cidade.
Anraços.
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