sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Sem Ter O que Dizer em Casa

Tempos atrás, quem fosse preso a partir da sexta gorda de carnaval só ganharia a liberdade na semana seguinte. Desordeiros, bebuns, exibicionistas e os que desacatavam autoridades só deixavam de ver o sol nascer quadrado na manhã da quarta-feira de cinzas, quando constituíam o bloco do que é que eu vou dizer em casa. A soltura dos foliões aprisionados acontecia na entrada da Central de Polícia, na travessa Gaspar Vianna, e era acompanhada por fotográfos dos principais jornais do Pará e também por transeuntes que para ali acorriam com o intuito de identificar e vaiar os integrantes da malta momesca, em definitivo expostos ao ridículo. Mas esses eram tempos em que moral ainda tinha um melhor valor público nesse país.
Os tempos passaram, os carnavais e a tolerância da sociedade com os delitos são outros. Em Brasília, por exemplo, com a negação de habeas corpus pelo Supremo Tribunal Federal, o governador José Roberto Arruda (ex-DEM/DF) não somará ao bloco daqueles que, presos durante o carnaval, na quarta-feira terão de inventar um boa desculpa para explicar suas pixotadas. A ele, sem as cinzas que lhe perdoem os flagrantes de excessos, sem casa que lhe dê abrigo político, de cabeça descoberta e moralmente nú, resta o epílogo de calar desculpa ao flagrante delito de seu governo, inumando-se no mais sonoro, colorido e odoroso silêncio dos cínicos.

Um comentário:

Val-André Mutran  disse...

Esse meliante beneficia-se da imoral cela especial.
Outra prerrogativa indecente como o é seu comportamento político.
Essa regalia é discriminatória e tem que ser banidada da sociedade de uma vez por todas.
Outra coisa inadmissível é o foro privilegiado. Como se um prêmio à impunidade fosse concedido aos safados de colarinho branco & cia Ltda.
Isso é um absurdo.