sábado, 3 de abril de 2010

Projeto Genoma - 10 anos depois



A primeira leitura completa do DNA humano está perto de seu décimo aniversário e a pergunta feita pela comunidade médica ecoa mundo afora: por que nada (ou quase nada) dos dados obtidos pode ser usado na prática diária?
Tentando explicar esta enorme dificuldade na utilização das informações do Genoma contra as doenças, a última edição da Nature destaca 2 novos artigos dos americanos Francis Collins e Craig Venter. O primeiro chefiou o projeto “público” (com verba federal) e o segundo, o “privado”.
Ambos os artigos soam como um novo adiamento de velhas promessas.
A melhor notícia diz respeito ao custo de leitura do genoma humano, que caiu 14 vezes ao longo dos anos: um genoma completo custa aproximadamente US$ 5,000.00.
Talvez a Fibrose Cística Hepática tenha sido a patologia mais beneficiada pela identificação do gene causador (mas ainda em 1989), porém, por ser uma doença rara, pouca repercussão trouxe para um público ávido de novidades.
Doenças mais comuns, como diabetes, câncer e problemas cardiovasculares necessitariam com mais urgência de uma “mãozinha” da genética, mas a imensa quantidade e a complexidade dos dados oriundos do genoma dificultam a interpretação e a conseqüente esperada intervenção gênica.
Em resumo, a aquisição de dados foi completada há quase uma década, mas os nossos cérebros necessitam de mais tempo para entender a interação entre genes e doenças para poder posteriormente usar estas informações no tratamento e prevenção de algumas moléstias.
Teremos que ser pacientes.

7 comentários:

Itajaí disse...

Scylla,
O projeto Genoma alcançou viabilidade, porque os centros de pesquisa se organizaram em rede mundial. Ajuntaram-se recursos financeiros, tecnologia de ponta e principalmente inteligência para chegarmos onde hoje estamos.
Grande abraço,

Scylla Lage Neto disse...

Itajaí, este extraordinário projeto só poderia ter sido multicêntrico e contituiu exemplo de união entre as nações.
Mas parece que o grosso dos grants ($) veio mesmo dos Estados Unidos.
Você sabe algo sobre a participação brasileira nele? Parece que a biologia da USP teria contribuido bastante.
Um abraço.

Geraldo Roger Normando Jr disse...

Scylla, quem poderia responder a esta pergunta, com muita precisão, é o pessoal da Genética e Biologia Molecular, da UFPA. Lá existem excelentes pesquisadores nesta área. O Paulo Assumpção (cirurgião) também poderia responder já que ele participa ativamente do grupo da Federal. Eu tenho uma visão particular, que nem a sua, temos que esperar, pois não me considero um privilegiado intelectualmente para entender toda essas "viagem ao centro da vida", parafraseando Verne, de forma tão rápida. Aliás, sobre esta visão (quase míope) eu escrevi um artigo. Pode um homem escrever um artigo sobre sua ignorância, ou algo que ele não vê? Se pode eu escrevi um e o confidenciei ao Paulo Assumpção. Se quiserem eu mando para o Blog, aproveitando o momento, mas terie que ter direito ao perdão.
Roger

Scylla Lage Neto disse...

Roger, seus artigos são sempre bem-vindos e o perdão é antecipado!
Grande abraço.

Itajaí disse...

Scylla, o Brasil participa do projeto. O Ministério da Saúde pos dinheiro para que fosse adquirido um sequenciador.
Detalhes aqui:
http://www.lncc.br/departamentos/projetosconsultar.php?Idt_Projeto=329&projeto=1&vCabecalho=pesq&vTitulo=lncc&idt_responsavel=1442&vAno=2010

Itajaí disse...

Roger, mande o texto. E logo! Rsrsrs.

Scylla Lage Neto disse...

Valeu, Itajaí - obrigado pela informação.