segunda-feira, 7 de junho de 2010

Serra, Dilma e os grampos

A revista Veja desta semana dá suíte à reportagem de sua edição anterior que acusa parte do comitê de campanha de Dilma Rousseff de estar envolvida na arapongagem do candidato do PSDB à presidência da República, José Serra.

Em meio à reportagem, são feitas adjetivações jocosas ao jornalista Amaury Ribeiro Jr. e acusações de espionagem não só a Serra, quanto ao deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB/RJ), delegado de Polícia Federal licenciado.

Para bem compreender o fio desta meada e a guerra de bastidores que se trava a cada eleição - na qual a imprensa não é parte passiva, muito ao contrário - é sempre bom ler o outro lado, digamos assim. Inclusive para saber que política não é coisa para quem tem estômago fraco.

4 comentários:

Carlos Barretto  disse...

Pelo visto há "aloprados" para todos os gostos e matizes. Se optarmos pela escolha meramente baseada em supostos "fatos", não votamos nunca mais em ninguém.
Daí porque...

Francisco Rocha Junior disse...

O que importa, nesse tema, é saber o que é verdade e o que é menas verdade.

Itajaí disse...

Olha, Francisco, que Veja seja uma pocilga do jornalismo duvido que alguém aposte em contrário, atualmente. Daí porque não vou duvidar do que publica o Amaury Ribeiro Jr, e por duas simples razões:
1) O currículo que tem e a reputação que, mediante provas, ninguém duvidou até o momento;
2) Antes dele Lesbaupin e cols, escreveram "O Desmonte da Nação - O Balanço do Governo FHC (Vozes, 2002).
E pelo que percebo, com base na leitura que fiz do segundo e no que referes sobre o primeiro, os dois se completam meio assim entre o atacado e o varejo.
E então resta a pergunta: por que não trazer ao primeiro plano o livro de Lesbaupin?
Pela simples razão de que a academia, por motivos inúmeros que a lucidez desafua, decidiu-se por ficar acima do bem e do mal. Trepada em cima do muro.
Paciência, tenho vivência suficiente para compreender que a academia apenas chora de saudades do primeiro, quando o segundo a trata como escrava sem-vergonha, porque no projeto neoliberal não cabe o desenho de um estado inovador, reservado as economias centrais. Então o que se vê é um comportamento tão dialético quanto de análise psicanalítica: quando está sem interlocução e respeito do Estado, a academia brasileira se põe a berrar feito bezerro desmamado; quando os tem mama com sofreguidão e insaciável, mas parece que no fundo preferiria chorar até que aquela que elegeu como pai a reconhecesse.
Paciência, como disse o presidente Lula, na abertura da Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia: "a esmagadora maioria dos senhores aqui presentes, nunca me deu um voto. Mas, todos sabem que nenhum governo investiu tanto em C & T quanto o meu".
E ninguém tomou a palavra para dizer o contrário, sim ou não.
Eu até entendo que esse tipo de indiferença seja inteligível nos EUA, ou em alguns países da Europa onde há menor escassez de recursos pesquisas e uma histórica mentalidade para ser hegemônico em termos mundiais. Mas, aqui? Onde essa galera sempre foi tratada a pão e água, debaixo de porrete, dar se a esse tipo de luxo e uma cara de paisagem? Em cima do muro?
Daí porque quando me dizem que esta academia é a dimensão ideológica das forças que disputam o estado brasileiro, eu não tenho argumentos em contrário.

Francisco Rocha Junior disse...

Caro Itajaí,
Vamos botar os pingos nos is da minha postagem:
a) estou de acordo contigo. O contraponto a que me referi foi o esclarecimento que deve ser dado aos adjetivos que a VEJA imputa ao Amaury Ribeiro Jr. Desavisados podem não saber porque ele é, segundo a ironia da revista paulistana, "grande jornalista e emérito (ou "isento", sei lá) escritor": é porque ousou desafiar, com argumentos, a turma paulistana do PSDB;
b) também concordo sobre tua visão da Academia. É ela, realmente, "a dimensão ideológica das forças que disputam o estado brasileiro", onde está alojada, inclusive, a esquerda extremada, das impossibilidades que não cabem em uma democracia.
Dito isto, reafirmo: política, hoje em dia e no Brasil (mas não só aqui), não é feita para que não queira, ou não possa, engolir determinadas coisas. E isto me entristece profundamente.
Abs.