quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Antitérmicos e vacinas




Um dos aspectos mais interessantes de se procurar artigos médicos em periódicos antigos é justamente o de encontrar o que não se espera.
Pois enquanto dissecava alguns volumes de 2009 da revista Lancet atrás de uma matéria neurológica, acabei encontrando um punhado de informações úteis de outras áreas da medicina.
Por exemplo, num elaborado ensaio sobre o uso profilático de antitérmicos na vacinação de lactantes, Prymula e colaboradores observaram que a indicação desses fármacos, como o paracetamol e a dipirona, para evitar aquela desagradável reação febril que as crianças podem ter após a vacina, levou a um comprometimento da resposta imunológica à própria vacina e a sua eficácia.
Creio ser esta informação de utilidade para pais ansiosos que não aceitam que seus filhos tenham febre decorrente da vacina: além de não trazer quaisquer benefícios, prevenir com remédios a reação febril pode impedir que a imunização almejada venha efetivamente a acontecer.
A natureza parece seguir o seu curso de forma mais eficiente com pouca intervenção humana, a qual deve ser feita sempre a favor das leis biológicas.
Seria algo assim como tratamento no rumo do vento.

2 comentários:

Geraldo Roger Normando Jr disse...

Scylla, isso me lembra o "damage control" que tanto temos "ouvistoi falar" nos recentes artigos acerca da cirurgia do trauma. O autor da idéia, um nortemaericanso chamado Rotondo relata que foi buscar o termo na engenharia naval: Diante de muito vento e fortes ondas capazes de tombar um navio. Neste momento acende um aviso luminoso DAMAGE CONTROL, e o navio fica com a proa apontando para o vento, isso evita que a embarcação vire. Neste momento o navio diminui a velocidade, ou mesmo para, ate esperar que o revolto mar descanse a embarcacao possa seguir seu destino. Ou como diria Paulinho da Viola em "argumento": "faça como o velho marinheiro, que durante o nevoeiro leva o barco devagar".

Scylla Lage Neto disse...

Roger, gostei muito do termo Damage Control.
No caso das vacinas, o "damage" pode vir muitos anos depois através da manifestação da patologia em forma grave, consequência do "bloqueio" imunológico provocado por umas poucas gotinhas de Tylenol.
Pode?