Imagem: Sebastião Salgado
PAUPÉRIA REVISITADA
Putas, como os deuses,
— na companhia das traças —
vendem quando dão.
Poetas, não.
Policiais e pistoleiros
vendem segurança
(isto é, vingança ou proteção).
Poetas se gabam do limbo, do veto
do censor, do exílio, da vaia
(e do dinheiro não).
Poesia é pão (para
o espírito, se diz), mas atenção:
o padeiro da esquina balofa
vive do que faz; o mais
fino poeta, não.
Poetas dão de graça
o ar de sua graça
(e ainda troçam
de tal “nobre condição”).
Pastores e padres vendem
lotes no céu
à prestação.
Políticos compram &
(se) vendem
na primeira ocasião.
Poetas (posto que vivem
de brisa) fazem do No, thanks
seu refrão.
2 comentários:
Scylla,
Calhou de Eu ler no liberal de hoje um assunto interessantíssimo sobre o destino da poesia. O texto é de João Carlos Pereira: “A poesia de sempre e cada vez mais rara”. Vale à pena. É intracerebral. Para refletir...
Roger, vou tentar localizar o texto no Liberal de segunda.
De qualquer modo, creio ser a poesia imortal. A beleza de um soneto, por exemplo, pode beirar o indescritível.
Abs.
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