quarta-feira, 25 de maio de 2011

Meio ambiente, inclusive humano

I.
Tanto tempo, tanta briga e, finalmente, a Câmara dos Deputados aprovou ontem o novo Código Florestal. Mas o preço a pagar por ele foi elevado: a aprovação da emenda 164, principal fator de discórdia entre o Executivo e o Legislativo. O primeiro quer exclusividade para decidir sobre exploração agropecuária em áreas de preservação permanente; já os parlamentares querem conceder essa prerrogativa aos Estados, que é a porta aberta para cada um fazer o que bem entender, inclusive anistiar madeireiros vagabundos, autores de danos ambientais. A presidenta Dilma Rousseff já avisou que não tolerará nenhuma anistia a desmatadores e o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), avisou que o Executivo pretende vetar o dispositivo e aceita os ônus políticos de se isolar nesse ponto.
Uma vergonha, da qual não comungaram somente o PT, o PV e o PSB. O PSOL votou contra o projeto inteiro. Resta a deliberação do Senado.
É como sempre digo: o Brasil não terá nem desenvolvimento nem justiça social (isto, muito menos) enquanto essa ordinaríssima bancada ruralista continuar tendo tanto poder. De justiça social nem preciso falar, mas quando afirmo que nem desenvolvimento haverá tenho em mente o fato de que esse empresariado canalha (odeio esclarecer, mas como há muitos iletrados açodados na rede, sou obrigado a lembrar que, se a carapuça não lhe serve, não a vista: nem todo empresário é canalha, ora pois) adota práticas predatórias, que lhes permitem lucros rápidos, mas ao custo da degradação ambiental, em prejuízo da fauna, da flora e dos seres humanos.
Essa gente gera divisas para o país porque não tem jeito: há tributação. Mas se investissem em tecnologia e qualidade, poderiam produzir mais e aumentar seus lucros, sem causar tantos problemas à sociedade. Só que aí entra o fator burrice: não se gasta com tecnologia, para ter lucros de médio ou longo prazo. Tudo é imediatismo. E quem estiver na frente que se lasque.

II.
Enquanto isso, o mundo repercute o assassinado dos líderes extrativistas José Cláudio e Maria do Espírito Santo, em Nova Ipixuna. Motivo do crime? Os dois lutavam pela preservação da floresta e já vinham sendo ameaçados de morte. Como de praxe, o poder público não lhes assegurou nenhuma proteção e, mais uma vez, o Estado do Pará ganhou o noticiário internacional como cenário de derramamento de sangue, em situações típicas de distorções sociais.
Os ruralistas devem estar felizes.

III.
Pobre Brasil.

Nenhum comentário: