Quando um motorista se recusa a fazer o exame de alcoolemia é porque ele bebeu. Não me venha com esse papo de que ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo, princípio da dignidade humana e outras bandeiras constitucionais que o cidadão comum sequer conhece. Seria muito mais fácil e rápido soprar o bafômetro, mostrar que não bebeu e ter a possibilidade de encarar o agente de trânsito com ar de superioridade, sendo liberado enquanto sentencia: "Eu não disse?!"
Se o motorista se recusa, independentemente do argumento utilizado, é porque bebeu.
De modo semelhante aquele que se recusa a fazer o exame de DNA, numa ação de investigação de paternidade. Admito que, aqui, a situação é mais complexa, não apenas por conta das despesas, mas porque aceitar a testagem soa como confissão de ter mantido relações sexuais com alguém, ainda que seja equivocada a imputação de paternidade. Afora isso, o sujeito que se nega teme o resultado.
Então me permitam uma perguntinha inocente: por que é mesmo que a maioria dos deputados estaduais se recusa com veemência à instauração de uma CPI para investigar o escândalo na Assembleia Legislativa? Será por causa do princípio da presunção de moralidade dos atos administrativos? Será que é para não comprometer o exercício das atividades-fim do Legislativo, interesse precípuo da sociedade? Será que...?
3 comentários:
Caro Yúdice,
A resistência à CPI, com exceção (que pode muito bem ser maioria) daqueles efetivamente com culpa no cartório, decorre de um componente tão calhorda quanto comum em situações parecidas: o temor de dar espaço a que um colega de Parlamento se destaque mais que outro e, com isso, largue na frente na corrida eleitoral do ano que vem.
Ou seja: danem-se o interesse e a moralidade públicos. Viva a política mesquinha, com "p" menor.
Ah! Caro Yúdice, antes que me esqueça. Tem uns e outros na Alepa que não bebem.
Veja bem.
Não bebem...!
Só isso.
Certo?!
Meus queridos, até por conta da sucessão de pessoas, não acho que todos os opositores da CPI têm culpa no cartório. Mas quis destacar que interesses poderiam explicar a resistência. Nunca poderia ser algo bom. E como ficamos livres para deduzir qualquer coisa, dentro disso cabe a técnica da mão que lava a outra, do te-protejo-hoje-e-amanhã-você-faz-o-mesmo-por-mim, quando não o propósito de não deixar o esquema ruir, para que possamos no futuro tomar parte dele.
Um nojo.
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