Há alguns anos ouvi falar no Brasil de uma mítica HQ argentina sobre a vida de Che Guevara, publicada alguns meses após a morte do maior guerrilheiro de todos os tempos e que foi proibida no Brasil, no Chile e, claro, na Argentina, onde o roteirista foi morto junto com a família. Pois agora tive oportunidade de ler essa obra de arte numa versão publicada recentemente na Holanda. Trata-se da HQ La vida del Che. Os desenhos foram feitos por Alberto Breccia (1919-1993) e o filho dele, Enrique Breccia, que até hoje mora nos Estados Unidos, onde fez trabalhos para Marvel. A edição brasileira saiu em 2008, pela Conrad. No site da editora, encontramos a melhor descrição dessa obra-prima: Dentro da vasta bibliografia a respeito de Che Guevara, essa biografia em quadrinhos se destaca por sua beleza e por sua história trágica. Lançada originalmente em 1968 na Argentina, apenas três meses depois da morte do guerrilheiro nas selvas da Bolívia, teve papel essencial na popularização de Che como herói latino-americano. Sua produção reuniu os dois principais nomes da história dos quadrinhos no continente: o roteirista argentino Hector Oesterheld e o desenhista uruguaio Alberto Breccia, mais o filho deste, Enrique. O sucesso foi estrondoso e imediato, mas deu início a uma terrível perseguição política aos autores. Poucos meses depois de lançada, a editora que a publicara foi invadida, o estoque da obra e seu originais foram sequestrados e destruídos. Em 1973, o livro foi proibido. A perseguição culminou, em 1977, com a prisão, tortura e assassinato, pela Ditadura Argentina, de Oesterheld e suas quatro filhas. Uma história que chocou a Argentina e o mundo. Em 1979, o jornalista italiano Alberto Ongaro fez uma reportagem sobre o caso Oesterheld e conseguiu falar com um oficial do exército argentino, que confessa: "Demos um sumiço nele, por ter feito a mais bela história de Che Guevara já escrita". É uma obra-prima de texto e desenho. Ao ponto de levar o quadrinista norte-americano Frank Miller (de Sin City e Batman - O Cavaleiro das Trevas) a dizer que "a história em quadrinhos se divide entre antes e depois de Alberto Breccia".
Um comentário:
Post espetacular, que resgata uma das muitas histórias não contadas daqueles tempos tão terríveis, que muitos ainda minimizam, ou mesmo tentam ignorar.
Abs
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