sábado, 25 de agosto de 2012

O Cortejo Árvore de Ouro - a reinvenção

Na Europa, as velhas cidades  costumam recriar fatos históricos em grandes cortejos que atraem turistas e promovem essa aura histórica. É assim com o Pálio, a corrida de cavalos medieval em Siena, na região da Toscana, na Itália. Aqui na Bélgica, há vários cortejos, mas talvez nenhum tão grandioso quanto o Grande Cortejo da Árvore de Ouro (em neerlandês De Praalstoet van de Gouden Boom). Para começar, ele acontece somente a cada cinco anos: ou seja, quem perder os dois domingos de desfile em 2012, só vai ter outra chance em 2017. 
Este ano, é a segunda vez que assisto o cortejo. O argumento básico é um fato histórico. Na metade do século XV,  Flandres era um riquíssimo condado governado por Carlos, o Temerário (Karel, de Stoute). Para firmar alianças, o então Conde de Flandres se casa com Magarita de York, irmã Eduardo IV e Ricardo II, reis da Inglaterra. O casamento foi realizado em julho de 1468. A noiva veio da Inglaterra e desembarcou em Damme, a 5 km de Brugge. De lá, veio em grande cortejo e entrou na cidade. Imaginem os festejos. Um dos eventos na praça central foi um torneio de cavaleiros com lanças, chamado torneio da Árvore de Ouro.
Pois, essa história toda foi remontada num cortejo já no meio do século XX. A primeira vez foi em 1958 e aí se estabeleceu que seria quinquenal. Nessa 12ª edição, pelo menos 2.000 atores e figurantes desfilam pelas ruas de cidade. O cortejo tem momentos de teatro de rua, com encenações e falas históricas e muita música ao vivo, garantida pelas bandas sinfônicas e fanfarras. Eles contam não somente o casamento de Carlos e Margarita, mas também relembram fatos históricos de Brugge, como por exemplo, a invasão viking, antes da Idade Média...


a luta contra dragões (este mostrengo fica estacionado, antes de entrar em cena,  na porta da nossa casa, pois a concentração dos atores e figurantes é aqui no nosso bairro).


a riqueza dos bruggelingen (os moradores da Brugge  medieval)...

que deixou Margarita de York (abaixo) abismada: "Eu pensava que não haveria gente tão elegante fora da Inglaterra, e aqui eles são centenas!"


Aqui, os pais do noivo, Felipe, o Bom e Isabel de Portugal.


E, à direita, o feliz Carlos, o temerário - aqui numa versão 2012,  um tanto baby face.

A escolta do conde, os temidos cavaleiros flamengos.

Os gigantes legendários aparecem também no cortejo.

e no final, uma representação da nobreza medieval européia por crainças, mostrando que, apesar da crise, a Europa sabe ainda se reinventar.
As fotos acima foram feitas por mim tanto na edição de 2007 e quanto na edição de 2012, que aconteceu no domingo passado, dia 19 de agosto,  e se repete amanhã, dia 26. Brugge espera receber pelo menos 50 mil pessoas só para o ver o cortejo.

Um comentário:

Carlos Barretto  disse...

Incrível, Edvan! Mais um ótimo post!