Sempre orei por
anjo da guarda, desde pirralho. Carrego unzinho no meu jaleco até hoje, por
isso nunca me despi dele. Certa vez quiseram me recrutar para uma batalha que
não conhecia o inimigo e o terreno. Meu juízo pressentia que o algoz tinha uma bomba
biológica: uma microbactéria desconhecida e sem medicamento para combater.
Disse que sim, como abnegado, desde que pudesse combater com aquele jaleco e
uma máscara igual a de enfermeiro. O casaco tem um anjo que me protege,
justifiquei.
E a máscara?
Perguntou um sargento. Disfarcei e disse que era para acalmar minha alergia.
Claro que os
generais não aceitaram. Ninguém combate sem uniforme e ainda com uma máscara ridícula.
Insistiram, mas nada feito: não me aceitaram, até mesmo por que, mesmo
abnegado, eu não era um Platoon.
Cadeia em mim.
Os soldados que
sobraram da batalha ou voltaram na padiola, dando salvas de espirros, ou tinham
teleconferências com Freud domingo à noite, logo após o "Pânico".
Na cadeia li Sun
Tzu; não ia pagar esse mico.
6 comentários:
Freudiano,sim: mas doutor Roger. Gostei!
Foi uma encomenda sua, via sedex, ou melhor, flanex. Espero que tenhas gostado mesmo!
Gostei sim!
Adorei o "flanex" . Gostei mesmo!
"Andar com fé eu vou, que a fé não costuma falhar..."
Crenças são escudos; tolos são os que as descartam julgando-se imunes e fortes o suficiente para combater quaisquer males (como se a douta razão não fosse também um feixe de crenças, por vezes frágil, provisória, como deve ser!)
"Se eu creio?" - perguntava um espirituoso e lascado amigo meu, com o bolso sempre furado, por conta das suas dívidas sem fim.
"Tanto creio que compro a crediário, credito quando posso, debito quando estou com saldo positivo e sigo acreditando piamente que um dia segue ao outro, desde que o mundo é mundo... E para arrematar ainda faço uma fezinha no bicho, na lotofácil, na megasena. Sou brasileiro..."
Roger tem razão de garantir-se com o seu anjo da guarda. Eu, com minhas figas e outros amuletos, invisíveis, simbólicos e poderosos, sigo também por aqui , sempre em guarda.
"
Abel, por onde andavas! Estiveste fora do meu raio literário, mas de repente me apareces... Muito bom. Volte mais. Rondônia não é tão longe daqui, se considerares a via cibernética transamazônica (ou ciberamazõnica). O flanar cresce com seus fartos comentários. Borrifa toda essa verve na minha cara, parafraseando Caetano Veloso, inclusive na cara dos caretas, também! Valeu meu irmão de fé (com a fé a amizade não costuma a falhar)...
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