quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Antissionismo não é antissemitismo. Apoio a Latuff!


"Em dezembro de 2012, o Centro Simon Wiesenthal publicou um ranking dos ´dez maiores antissemitas do mundo´, citando a mim, o cartunista Carlos Latuff, como o terceiro da lista por charges contra o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu e o bombardeio a Gaza. Há muito que organizações e indivíduos tentam associar críticas legítimas ao estado de Israel com ódio aos judeus. Figuras como o escritor José Saramago, o prêmio Nobel da paz Desmond Tutu e o ex-presidente Jimmy Carter já foram taxados de antissemitas por suas posições quanto ao conflito na Palestina. Chega de tentar calar a voz de quem se levanta contra o apartheid imposto por Israel ao povo palestino. O antissemitismo não pode e não deve ser utilizado como ferramenta política. Se você é contra essa manipulação, assine a petição e declare: ANTISSIONISMO NÃO É ANTISSEMITISMO!"

Eu já assinei. O colega Pedro Pomar e o cineasta Silvio Tendler também. Qualquer um pode assinar: aqui

5 comentários:

Itajaí disse...

É verdade que antissionismo não é igual a antissemitismo. Mas, em geral, os dois anti andam de mãos dadas de modo perigoso. Das charges que vi desse Latuff - quem tem todo direito de criticar a quem quer que seja -, aquelas posicionadas contra os excessos do estado de Israel continham elementos claramente antissemitas. Por outro lado, a mim pareceu que a atitude antissemita do cartunista pareceu derivar mais da ignorância que tem do Judaísmo do que de outra razão mais elaborada.
Aliás, antes que alguém venha apontar vieses ao modo de chifres em cabeça de cavalo, é bom destacar que o Centro Simon Wiesenthal tem uma posição crítica em relação as ações do governo israelense, no que respeita a questão de Gaza.
Quanto ao Latuff que lhe sirva de lição o dever de estudar a cultura de um povo antes de sair rabiscando suas discordâncias - justas ou não - contra o estado que dá nacionalidade a essa gente. De outro modo assuma o que é, como outros antes dele já o fizeram, igual a Cèline e Lars Von Tries, ambos antissemitas. Garanto que nada de mal sucederá a ele.

Erika Morhy disse...

Acho mesmo, meu caro Itajaí, que as críticas que fazemos devem ser fundamentadas e responsáveis. Mas, sinceramente, acho que o cartunista Latuff é dotado de ambas as virtudes. Em especial quando se vê o enfrentamento com armas tão díspares; quando se vê a crueldade e o poder tão umbilicalmente juntos a destruir nações e povos. Se eu tivesse vivido entre os palestinos, como o cartunista viveu, creio que seria ainda mais passional do que sou em minha defesa por uma Pátria Livre. Obrigada pela sua contribuição neste debate.

Itajaí disse...

Acho que tuas palavras dimensionam bem a questão, embora considere que, em ambos os casos, falta paixão pela paz, paixão que pavimente e consolide essa "Pátria Livre" não como palavra de ordem, mas como semente de futuro e de respeito entre povos que geneticamente tem origens comuns.
A solução da Questão Palestina não será resolvida pelas armas, as reais e as simbólicas, do mesmo modo como não o foram as guerras da Irlanda com a Inglaterra e do País Basco com a Espanha. Ademais a guerra é um negócio tanto para o militarismo palestino quanto para o israelense, e não duvide que há gente que regula esse mercado e ganha muito dinheiro de ambos os lados.
Em outras palavras, não há santos, nem demônios enfrentando-se, mas homens violentamente humanos. Nesse sentido, quanto ao antissemitismo, lembro agora do prefácio de Adré Midani, para o livro que biografa a canção Strange Fruit - líbelo pioneiro contra o racismo norte-americano e composta por um judeu e cantada por Billie Holliday. Lá pelas tantas, lê-se o seguinte: "Strange Fruit" foi um desafio aos ouvintes, tanto progressistas quanto conservadores, a resolver o impasse emocional que o racismo provoca: de um lado, o sentimento de injustiça e mesmo revolta, a culpa histórica, a vergonha; de outro, a tradição e o preconceito institucionalizado e enraizado". Não seria redundância que o prefaciador, por fim, complementasse com outra advertência ao leitor, que agora esqueci quem disse: "Quem luta com monstros por longo tempo, há que ter cuidado para não se tornar em um deles". É desses riscos que falamos.

Erika Morhy disse...

Então, caro Itajaí, nosso ponto em comum está às claras: a paz entre os povos e nações. A propósito, antes de ler este seu segundo comentário, li este texto e indico o link, a título de contribuição no debate: http://judiosantisionistasargentina.blogspot.com.ar/2013/01/el-centro-simon-wiesenthal-es-una.html

Grande abraço.

claudio disse...

Ao equiparar o trabalho de Latuff a entidades claramente antissemitas o tal centro mostra estar claramente mal intencionado e levanta evidente questionamentos sobre até onde vai sua suposta independência em relação ao estado ao governo sionista.