O perfume dela se dissipava no seu rastro feito cio. Não tinha como passar sem ser percebida por uma falange faminta e marrom. Ela tampouco parecia fazer muito esforço pra chamar atenção e o sorriso saliente no canto da boca, acompanhado dos passos ligeiros, defendiam sua determinação. Não estava à toa. Tinha metas. Ainda assim, não era indelicada ao ponto de rejeitar um trago. Tomava-o e seguia o rumo da venta, com uma palavra qualquer ao vento, pra saciar o insaciável rapaz que acabara de arriar o cesto de açaí. Verde. Letras de um segredo pintadas de branco. A chuva se insinuava, mas não era páreo pra lua que fazia o rio reluzir e os barcos chacoalharem como o trem da Central. No final do estacionamento, entre o rio e a muralha de pedras, um carro tilitando estava às escuras, e ela sabia fazê-lo trotar. Chegava para terminar o serviço e esbanjar seu suor no capô. Cestos de açaí passeavam sobre cabeças e braços delineados firmemente a olhos vistos. O som da aparelhagem estava longe, só o suficiente para que pudessem trocar algumas poucas palavras de ordem. Fazer negócios. Tragaram um cigarro juntos. Sem muita despedida, cada um foi para o seu lado. Ela continuava com passos firmes e o sorriso no canto dos lábios. O banheiro, um real. Estava pronta.
2 comentários:
"Uma leira, uma esteira, Uma beira de rio. Um cavalo no pasto, Uma égua no cio. Um princípio de noite; Um caminho vazio...
Paulo André e Ruy Barata, em: Pauapixuna.
Bonito querida!
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