segunda-feira, 8 de abril de 2013

É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã????

Sobre a AIDS
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[...] Eu corporal e erógeno: narcisismo

Com Freud aprendemos que “O ego é, primeiro
e acima de tudo, um ego corporal; não é
simplesmente uma entidade de superfície, mas
é, ele próprio, a projeção de uma superfície”.
(FREUD, 1923, p.39).
Laplanche desenvolveu longos estudos
sobre a tópica do eu antes de concluir
que o sistema do ego é ‘inseparável de uma
representação figurada’ (LAPLANCHE,
1987, p.241). É desse eu corporal que
não se pode fugir quando se trata de fazer
psicanálise com pacientes acometidos da
síndrome da imunodeficiência adquirida.
O trauma de um diagnóstico positivo
atinge um eu que é corporal, e mais, atinge
um eu imaginário, aquele onde reside a
fantasia ilusória de imortalidade, afetada
duramente pela certeza científica da morbidade
do corpo. Ainda que sua mortalidade
prometa ser adiada por terapêuticas
desenvolvidas nas duas últimas décadas, os
chamados coquetéis, sua eficácia científica
é probabilística, e sabe-se que esse tratamento
não oferece resultados em todos os
casos. Além disso, percebe-se na clínica
que a associação aids e morte, apropriada
pela mídia e pelas propagandas da primeira
década da epidemia, nunca deixou de se
reinscrever no imaginário que cerca essa
pandemia, o que não deixa de ser uma
verdade científica.[...]

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Delicadezas do Eu: fundamentos da vulnerabilidade/
Ana Cleide Guedes Moreira

4 comentários:

Erika Morhy disse...

Já beirava os últimos meses de gestação quando havia concluído o bacharelado em Psicologia e iniciado estágio no Hospital Barros Barreto, sob a "tutela" da professora Ana Cleide Moreira. Continuei o estágio depois de parir Helena. Linda experiência passei ali. Pela forma como a professora Ana Cleide conduzia nosso processo de aprendizado. Sobretudo como conduzia nossa experiência diante dos pacientes, o que não tinha como nos passar, ao menos a mim, "impunemente". E, curioso, que estava eu, ontem mesmo, a assistir antigo programa da Globo em homenagem a Cazuza. Gosto de me sentir tomada, capturada, ainda que racionalizemos, conceituemos... a ebulição emocional é sempre mais forte. Valeu, Marise!

Marise Rocha Morbach disse...

Érika, o texto completo é uma bela aula sobre o nosso narcisismo, mando para você em pdf por e-mail. Você teve uma belíssima orientação; sou fã de carteirinha da psicanalista Ana Cleide Guedes Moreira.

Geraldo Roger Normando Jr disse...

Marise, e eu sou fã "desse" Barros Barreto.

Marise Rocha Morbach disse...

Também sou Roger!