terça-feira, 11 de junho de 2013

Sertão? Quem sabe dele é urubu!

--------------------

Escreveu Guimarães Rosa no seu  Grande Sertão: Veredas. Ele está aqui na minha estante: quieto, acomodado e reflexivo: como a dona da estante. Cada um na sua: não é? Os cientistas políticos tem muita raiva dos jornalistas. Os jornalistas não gostam dos cientistas políticos. Os políticos não gostam dos jornalistas. E o grande sertão de ideias se amplia. Os especialistas publicam, publicam, publicam.......mas quem informa são os jornalistas. E o grande sertão de ideias se amplia. Na peleja do diabo com o dono do céu,  o senso comum nos diz o que pensa das coisas do mundo; e os jornalistas informam. E é o senso comum, o que faz a roda da fortuna girar, de lá para cá e de cá para lá. Fiquei bastante impressionada com a comoção gerada pelas imagens dos cães mortos em um município do Marajó. Muitas pessoas se organizaram para fazer socorrer os animais. Os protestos se espalharam como pólvora nas redes sociais. Vi, outra vez, a força do jornalismo na indução dos fatos. Fiquei bastante impressionada com a fala do Coordenador do Centro de Zoonoses do Pará. Falava calmamente e de forma reflexiva sobre como se deve exterminar os animais. De fato, me lembrei de Kafka e de seu personagem descrevendo "a máquina". Tudo muito calmo, tudo muito tranquilo, como manda o exercício cotidiano das rotinas. A situação do Marajó em si, não interessa muito, e a  "população"  ficou bastante feliz em receber 10,00 por cada animal apreendido. O senso comum nos diz muito sobre a realidade. Se ela é produto da ideologia, das crenças, da racionalidade, dos deuses, do átomo, da força, da coerção, do controle, das cadeias, da loucura: isto é outro papo! Mas que o senso comum  nos diz muito sobre quase tudo: Isso diz!
Sertão? Quem sabe dele é urubu!

----------------------------------------------------------------

2 comentários:

Geraldo Roger Normando Jr disse...

"Uma coisa é por ideias arranjadas, outra é lidar com país de pessoas, de carne e sangue, de mil-e-tantas misérias...[...] De sorte que carece de escolher". Grande Sertão: Veredas, p.15.

Marise Rocha Morbach disse...

Carece escolher; carece, mesmo!