quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Por que Aldir?

Essa é uma pergunta que me faço desde que balas e balas cruzaram meu espaço sem aviso prévio, mas com endereço certo.

Penso que minha identidade se deu quando ele esclareceu que seu coração se fez humano por ser suburbano.

Acho que foi aí; bem aí; nesse momento mágico onde as identidades se abraçam na distância e o atirador de facas quer acertar sua jugular.

Tão eu que, um suburbano nascido numa aldeia amazônica na ilharga do mundo, esperando uma virgem pra me dar descanso, encontro esse Macunaíma que sabe de todas as trapaças enquanto encaçapa uma de fina, gravando um band aid na lua branca do convés.

Um chope, Dinamite, pelos deuses que levaram meus amigos inseparáveis e me trouxeram a ressaca mortal dos tempos sem adeuses dentro da escuridão sem claridade mas com sabor de lua nova.

Vou à Penha pra não ser teu acaso e pedir que minha sina seja o abraço da ostra na pérola; o beijo da morte a te dizer pra sempre adeus.

Sim, quero a paixão de pendurar o anel de ouro e correr atrás do perdão que só virá com a pancada na orelha no pandeiro e samba no pé. 

E quando restar só o mês de fevereiro e o meu país estiver perdido no salseiro eu serei resistência, como um bêbado equilibrando-se na esperança, e vestido de Aldir lutarei até a última nota do samba. 


Corisco.