YUVAL NOAH HARARI, historiador, em: 21 LIÇÕES
PARA O SÉCULO 21
Em 1993 chegou à telona “Jurassic Park” com seus efeitos fibrilantes que nos deixaram de olhos esbugalhados na poltrona. Era como se estivéssemos em estado de matéria, dentro daquela ilha cercada de dinossauros. Em 2013, como se não bastasse a engenhosidade genética descrita pelo roteirista Michael Crichton, a película foi relançada em 3D. Voltei a fibrilar.
Sabe-se que
esses avanços tecnológicos ao lado de efeitos especiais, música adaptada e os
óculos da tridimensionalidade começaram a fazer parte do roteiro da sétima arte
de uns tempos para cá. Não foi diferente em outros campos do conhecimento. Vale
grifar que a atividade humana é também medida por ferramentas tecnológicas
capazes de alterar o fluxo e a estrutura das funções mentais (mindset),
por conta da incorporação de novas tecnologias. É capaz de provocar mudanças de
comportamento em quem dela precisa.
Na medicina não poderia
ser diferente - e na cirurgia muito menos. Nos últimos anos, a ciência e as
diversas tecnologias proliferaram de tal maneira que não são raros discursos surreais. Nestes caminhares relembramos Isaac Asimov,
autor de “Eu robô”. Digamos que ele tem papel de anjo da anunciação do futuro
ao nos tomar pelos braços e nos deixar abrigados nesse tema.
O movimento e a visão 3D da
cirurgia robótica nos faz relembrar a indescritível conquista que nos aloca
para outro mindset e que nos deixa eufóricos. Ao relembrarmos
a sala de cinema, aproveitamos o trocadilho Thorassic Park, com dois SS de
propósito, para pôr título ao texto e fazer alusão a essa monumento da sétima
arte e aos que têm sede de curar sob o véu dessas acontecências.
Mas
vale repensar que nessa viagem existe o lado escuro da lua. Ou seja, de volta à
vida telúrica, viramos homens de rua tendo
que desviar de humanidades estiradas nas calçadas e contracenar com toda essa
tecnologia pulsante encontrada em cada variedade de esquina.
Doravante
questões humanas – demasiadamente humana - nesta postagem há um curto filme
revelando o interior da cavidade torácica sob os olhos de um cirurgião que
comanda os braços de um robô (eu, robô). O take
se inicia fora de foco, mas em sequência ganha nitidez e segue com os
movimentos de pinças que faz lembrar a plasticidade dos efeitos animatrônicos
dos dinos em “Jurassic Park”, na hora de se alimentar.
Embebidos na ideia além da matéria
e, embalados pela condição humana, esperamos um dia usar a rua como paraíso da
tecnologia.