No livro, a
Outdoor Industry Association cita que
1,24 milhão de pessoas experimentaram o stand-up paddle (SUP). As vendas de pranchas de SUP logo dobraram entre 2010
e 2011, quando explodiu a prática. Embora o SUP tenha se tornado uma febre
fitness apenas na última década, na verdade, é a forma mais antiga e básica de
embarcação. Nossos ancestrais usavam barcos pouco mais sofisticados para viajar
de ilha em ilha no sudeste asiático e depois para a Austrália, há mais de
50.000 anos. É claro que, hoje em dia, a maioria das atividades náuticas, desde
embarcações autopropulsionadas, jet skis, lanchas e iates motorizados
que exigem tripulações, têm menos a ver com transporte e mais
com o prazer de aproveitar a água.
Se conversarmos com praticantes sobre os motivos que os levaram a escolher esse
esporte, ouvirá algumas das mesmas razões que pescadores e surfistas: a
oportunidade de estar na água de forma muito íntima. Os que usam
embarcações sem motor também exaltam os benefícios para a saúde, como o exercício
cardiovascular, o fortalecimento da parte superior do corpo ao remar por horas,
o estado meditativo que surge com as remadas rítmicas na água.
Nichols
reforça que, motorizado ou não, os praticantes têm a chance de se desligar de
tudo, mergulhar nas paisagens, sons, nas sensações da água em que se
encontra, e desfrutar do ar fresco.
Com
veleiros maiores e outras embarcações que exigem mais de uma pessoa, ouve-se
falar sobre trabalho em equipe, confiança e aventura compartilhada. A
combinação de ganhar autoconfiança enquanto se trabalha em equipe é valiosa
para jovens com problemas de saúde mental e coordenação motora.
Hoje,
programas em todo o mundo utilizam embarcações como terapia de reabilitação
para pessoas com deficiências físicas (incluindo paralisia, cegueira, surdez e
amputação); deficiências de desenvolvimento como TDAH, autismo e síndrome de
Down; pessoas com lesão cerebral traumática (LCT) e outras lesões; bem como
pessoas que sofreram traumas emocionais. Em Newport, Rhode Island, e Nantucket,
Massachusetts, a Sail to Prevail
possui uma frota de veleiros adaptados, nos quais mais de 1.500 pessoas com
deficiência aprendem o básico da vela. As embarcações incluem um barco de
regata da America's Cup acessível para pessoas com deficiência.
A Sail to Prevail relata melhorias
significativas: 91% têm mais confiança, 90% sentem que aumentaram suas
habilidades de trabalho em equipe e incríveis 99% dizem ter uma perspectiva
mais positiva da vida. Sem dúvida, o super-hormônio neuroestimulante ocitocina
está em ação durante essas experiências novas, agradáveis. Tais vivências refinam os instintos sociais
do cérebro, preparando os participantes para o contato social,
aprimorando a empatia e aumentando a disposição para ajudar e apoiar.
Claro,
existem muitas outras maneiras de desenvolver o trabalho em equipe, mas o fator
água adiciona uma potência notável ao esforço, uma espécie de "plus-a-mais" - esse neologismo poliglota para reforçar a ideia. O mesmo acontece com a
qualidade que você ouve com frequência de velejadores de todos os tipos, quando
descrevem sua razão para se aventurarem na água: a liberdade.
Em barco, ou
mesmo no Jet ski, você se sente como se fosse o mestre do seu destino, o
capitão da sua alma, como se percebe nas entrelinhas de “No mar... veremos”, de
Aluisio Meira, o líder dos Eskizitos... e doutor nas horas vagas.

