segunda-feira, 4 de setembro de 2006

História do Hospital Barros Barreto - Cap. 4

APONTAMENTOS PARA A HISTÓRIA DO HOSPITAL BARROS BARRETO

Aristóteles Guilliod de Miranda

Imediatamente após assumir a direção do Hospital, o Dr. Antonio Lobão solicitou ao engenheiro responsável um relatório das reais condições para o funcionamento dos 200 leitos, conforme o estabelecido pelo Ministério da Saúde. O relatório informaria ao diretor que haveria alguns problemas a resolver como a conclusão da estação de tratamento de esgoto,a cargo do SESP; funcionamento das caldeiras, casa de maquinas e testes de toda a rede de vapor; instalação definitiva da energia elétrica, a cargo da Força e Luz do Pará S.A ., especialmente a alta tensão; testes de funcionamento de todos os serviços e aparelhos, especialmente aqueles relativos à cozinha, lavanderia e esterilização; conclusão dos serviços de esterilização do bloco cirúrgico; colocação em funcionamento das câmaras frigoríficas, conclusão de algumas obras no 4º e 5º andares, relativos aos postos de enfermagem e à colocação de ferragens;conclusão dos serviços de sinalização dos pavimentos; construção em alvenaria de uma cobertura para a área onde se encontravam localizados os boileres de água quente para utilização do hospital e o incinerador de lixo; conclusão dos serviços de exaustão da cozinha, onde apenas se encontravam instaladas as coifas. Para a concretização de tais obras haveria a necessidade de suplementação ao orçamento inicial apresentado, tendo o Serviço Nacional de Tuberculose autorizando a complementação.

Devido a esses problemas, durante os dois primeiros meses de funcionamento o Sanatório apenas pôde atender aos 16 (ou 15?) pacientes inicialmente admitidos, somente vindo a aceitar novos pacientes a partir de 28 de outubro de 1959, quando passa a possuir as condições mínimas de funcionamento, após a resolução dos problemas de água, luz, esgoto, possibilitando o funcionamento da cozinha, lavanderia e esterilização. Na ocasião recebe mais 10 pacientes vindos do Hospital de Isolamento (Domingos Freire?), enquadrados na norma estabelecida de casos recuperáveis não-tributados de tratamento dispensarial e casos com indicação cirúrgica.

O primeiro ano de funcionamento foi de muitos contatos com os órgãos públicos e particulares no sentido de obter mais recursos para levar adiante o completo funcionamento do hospital. Ainda faltavam equipamentos para o laboratório, bloco cirúrgico, central telefônica, por exemplo. O Dr. Lobão acumulava as funções de diretor e também de médico assistente dos pacientes internados. Trabalhavam ainda os médicos Antonio Nascimento Araújo e Lindolfo Pedro Ayres, tisiologistas, José Henriques Ortiz Vergolino, radiologista, Rui da Silva Ventura, anestesista e endoscopista.

O Dr.Vergolino, tendo retornado a Belém naquele ano procurara o Dr. Lobão no hospital a procura de emprego. Lobão diz-lhe da existência de três aparelhos de raiosX encaixotados havia mais de dois anos no hospital. Vergolino avalia os aparelhos, solicita ajuda à empresa de assistência técnica para proceder os reparos necessários e começa a funcionar a radiologia do Barros Barreto.

Os exames laboratoriais eram realizados externamente pelo Dr. José Bráulio dos Santos, em seu laboratório, em virtude do hospital não estar aparelhado para tal. As atividades médicas eram limitadas ao atendimento dos pacientes na visita médica, não havendo serviço de plantão. As emergências, eram resolvidas pelo entrosamento com o serviço de enfermagem, através comunicação telefônica.

Em 1960 foi firmado um convenio com a SPVEA. Tendo o hospital recebido 50% do valor previsto foi possível arcar com as despesas de manutenção, devido à demora na liberação das verbas consignadas no orçamento da União. Em meados daquele ano já funcionavam o serviço de raios X, com radiografia e tomografia; serviço de anestesia e endoscopia, com a realização de broncoscopias, aplicação de gasoterapia e algumas anestesias. A cirurgia torácica ainda não havia entrado em atividade, somente se realizando cirurgias gerais. O Sanatório dispunha de Serviços de Arquivo Médico e Estatística, Enfermagem, Nutrição e Dietética, Serviço Social, Serviço de Saúde dos Servidores, realizando ainda cursos e estágios. Na área administrativa dispunha de Serviço de Pessoal, de Contabilidade, de Material e Conservação e Reparos.

Vale destacar o trabalho da enfermeira Cleusa Passos da Silva, que além de suas inúmeras atribuições para com os doentes e os médicos, teve ao seu encargo o preparo de todo o pessoal auxiliar admitido para o Sanatório, realizando cursos e estágios, tanto para o trabalho em área contaminada como para a área limpa.

(continua amanhã)

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