segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

As cores do arco-íris


Murubira e o arco-Íris...

...que aqui aparece com zoom e contraste exagerados no programa
de edição de imagens para realçar sua mágica e suas cores.


Neste fim de semana, cumpri um ritual que se não fosse mágico, seria no mínimo poético.
Junto com meu filho menor de 10 anos, armado com aquela câmera digital e um iPod, passeamos pela praia do Murubira em Mosqueiro. Longe de ser um mero passeio, costumamos curtir a praia de inúmeras e divertidas maneiras. Além de aproveitar o momento para conversar sobre tudo o que nos viesse a cabeça, caminhávamos sobre a areia procurando encontrar coisas que a maré alta deixa na beira da praia. Para cada coisa encontrada, uma história é inventada.
Além do lixo - que não escapou do juízo crítico do caçula - procurávamos encontrar e nomear as sementes e frutos que a floresta sabiamente ainda insiste em espalhar pelas praias, semeando a continuidade de sua existência. No caminho, íamos achando e nomeando sementes de seringa, andiroba, frutos de buritizeiro, coquinhos, e uma ampla variedade de outros ítens que não conseguíamos indentificar. Mas presumíamos sua importância.
Achamos também muitos objetos que ali não deveriam estar. Seja pela inevitável constatação da falta de educação ambiental de muitos, seja pelo potencial de dano a integridade física dos usuários da praia. Entre cacos de vidro, latas de cerveja, e outros objetos cortantes - restos indesejáveis do reveillon na ilha - encontramos uma tampa de sanitário quase que inteira enterrada na areia da praia.
- Incrível! - dizia meu filho.
Pura realidade aos nossos olhos, entristecidos de ver aquela excrescência no meio de tanta beleza.
Após purgarmos dentro de nossos corações aquela visão aterrorizante, o tempo resolveu nos dar uma compensação.
Com o sol batendo de lado, já por volta de 17 h, vento forte e uma chuvinha rala que não nos fez arredar o pé do programa planejado com carinho, eis que aparece o mais brilhante e completo arco-íris, com visão total de 180 graus. Via-se de uma ponta a outra.
Uma imagem vale mais do que mil palavras.
Quem sou eu para estragá-la com todo este texto.

8 comentários:

Itajaí disse...

Nessa aridez
Empoeira a saudade
Belo retrato

Carlos Barretto  disse...

E que belo comentário, amigo!

Yúdice Andrade disse...

Passadas as dificuldades do plantão de ano novo, a oportunidade de curtir a família. A recompensa dos justos. Vou anotar esse programa para fazê-lo, um dia.

Carlos Barretto  disse...

Você lembrou bem, Yúdice. Os contratempos dos plantões já são tão intestinos em minha prática diária que nunca imagino a natureza dando uma compensação para eles.
Só a sua ótica gegenrosa e elegante, poderia dar este tom para a coisa.
O programa tem um efeito melhor, mais saudável, livre de efeitos colaterais do que drogas lícitas e ilícitas. Com potencial estimulador de endorfinas, provocando uma sensação de prazer indescritível.
Tente. Vc jamais vai deixar de fazê-lo outra vez.

Unknown disse...

Oliver está no melhor de sua forma.
Reverências,muitas, compadre.

Anônimo disse...

O texto não desmerece o arco-íris. O passeio pelos posts anteriores e a memória um pouco dolorida (minha) dos anos 80, o prazer de ler Ana Cristina, Leminsky, fez a minha manhã clarear.
Como agradecer? Desejo-te um ano muito, muito bom. Se possível com as cores do arco-íris, com gosto de hortelã (gostas?) e cheiro de jasmim, quando a gente consegue varar a noite e chegar à madrugada. Abraço grande.

Carlos Barretto  disse...

Puxa, Bia.
Fiquei tocado com seu comentário.
Obrigado por aparecer por aqui e deixar este estímulo que não tem preço.
Pra vc, um grande beijo com nossos sinceros agradecimentos.

Anônimo disse...

Belo ensaio sobre ser pai e cidadão.
Parabéns ao poster!