quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Ardil

Ronaldo Cunha Lima (PSDB/PB) era governador da Paraíba quando deu três tiros em Tarcisio Buriti, ex-governador do mesmo Estado, em 1993, dentro de um restaurante, em João Pessoa. Buriti passou dez dias em coma, mas sobreviveu à tentativa de homicídio.

Na próxima segunda-feira, 05/11, Cunha Lima seria julgado no Supremo Tribunal Federal pelo crime, pois era deputado federal.

Era, porque hoje à tarde, Cunha Lima renunciou ao mandato, justamente para impedir que seu julgamento se processasse perante a Suprema Corte, sob relatoria do ministro Joaquim Barbosa.

A atitude de Cunha Lima, que tem pretensões de poeta e é pai do atual governador da Paraíba Cássio Cunha Lima, reforça os argumentos de quem não concorda com o foro privilegiado de autoridades públicas. Com a perda do mandato, o processo terá necessariamente que ser desaforado do Supremo e enviado à Justiça estadual da Paraíba.

Fora a passagem do tempo, que pode resultar em uma eventual prescrição do crime – inclusive porque para ele a prescrição é reduzida à metade, dado contar mais de 70 anos –, sabe-se lá que pressões Cunha Lima exercerá sobre o Judiciário local.

2 comentários:

Yúdice Andrade disse...

É, meu caro Francisco, um bom advogado ainda é um bom advogado! Enquanto a politicalha se agarra aos mandatos, por todas as benesses da função, dentro e fora do contracheque - entre elas, o foro privilegiado - vem essa e renuncia ao mandato. Sabe que ir a julgamento vai lhe custar mais do que um mandato. Melhor conservar os dedos, certo?
Curioso é observar que, enquanto a maioria foge do tribunal do júri, para escapar aos vereditos por íntima convicção do jurado, esse preferiu o júri. Claro, ele não espera ser julgado. O grande objetivo é a prescrição. Mas aí vale a pergunta que não deve ser calada: e por que a Justiça, seja lá em que foro fosse, não julgou o caso anos antes, impedindo uma manobra dessas?
Mais do mesmo.

Francisco Rocha Junior disse...

Yúdice, concordo plenamente. O crime ocorreu em 1993, isto é, há 14 anos atrás. E olha que a vítima era ex-governador, portanto, com poder e influência, também. Imagina se fosse um cidadão dito "comum".
No mínimo, Cunha Lima paga por ser ridículo. Sua imagem na TV chorando, ao justificar o ato de cangaço como tendo sido uma defesa da honra do filho, é simplesmente patética.